Seguro Agro: Como as seguradoras estão se preparando para serem mais tecnológicas e preverem riscos

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Jeferson Cruz

Marketing

Lider de exportação no Brasil

O Agronegócio é uma alavanca de extrema importância para a economia brasileira. Os produtos oriundos desta indústria são comercializados no mercado interno e externo, geram empregos e riquezas para o país. Uma das justificativas para o bom desempenho do setor, deve-se ao estímulo da concessão de crédito rural, ferramenta que possibilita o desenvolvimento e crescimento de muitos produtores. Com o uso deste instrumento, cerca de um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) nacional é representado pelo agronegócio, sendo o setor que mais impacta nos indicadores econômicos do Brasil.

É no setor agrícola que se concentra cerca de um quinto de todos os empregos gerados no Brasil. E é esse setor que lidera as exportações, representando em média 48% dos produtos exportados. No comércio exterior, de janeiro a novembro de 2022, as exportações brasileiras de produtos agropecuários somaram US$ 148,3 bilhões, superando em 23,1% o total vendido em todo o ano de 2021, de US$ 120,5 bilhões. Mesmo sendo desafiador ao produtor rural, 2022 foi marcado por adversidades, mas que mostrou sua potência de ser o setor combustível para o Brasil.

Visto tanto crescimento e observado o tamanho deste setor econômico, é um tanto óbvio nos perguntarmos: como proteger tamanha área de produção agrícola? É aí que entra o seguro agrícola oferecido por diversas instituições financeiras e securitárias, devido ao aumento da produção para suportar a demanda que é projetado para o ano de 2030 um aumento de 68 milhões de toneladas a mais do que temos hoje. (Economic Research Service – United States Department of Agriculture).

Embora haja essa taxa de crescimento, é um setor que está susceptível a grandes riscos na qual o ser humano não tem controle, me refiro a fenômenos naturais, como tempestades, secas, granizo… sempre podendo representar grandes perdas ao produtor rural. Portanto, é extremamente fundamental e essencial para empresas e pequenos produtores estarem seguros com boas coberturas para o tamanho de sua produção, garantindo ao menos que o prejuízo seja amenizado.

Afinal, o que vem a ser o seguro agrícola? O seguro agrícola é uma forma eficaz que os produtores rurais e empresas relacionadas ao agronegócio têm de se proteger contra imprevistos que possam afetar as plantações e causar perdas financeiras enormes. Ele garante cobertura contra perdas nas lavouras por fenômenos climáticos.

Normalmente, o seguro agrícola oferece cobertura desde o plantio das sementes até a colheita. Ou seja, todo o processo de produção está garantido pelo seguro. Como, exatamente, esse seguro agrícola vai funcionar, vai estar definido na apólice e isso depende do tipo de produto plantado e das coberturas contratadas.

Todos os produtores rurais conhecem o tamanho do investimento em uma lavoura: é investimento financeiro e de tempo. Por isso, para o produtor rural é fundamental que aquele bem esteja protegido. O seguro agrícola é uma forma eficiente de fazer isso. Caso um imprevisto aconteça, o seguro vai indenizar o segurado e não haverá perdas financeiras.

Onde a necessidade encontra a oportunidade 

Como as seguradoras e empresas especializadas fazem a cotação e avaliação do prêmio?

E assim entra um grande desafio: como ser mais assertivo, transparente e cobrar um preço justo e evitar fraudes? Para isso, há a oportunidade do setor, investir pesado em tecnologias que apoiam a precificar com maior assertividade de riscos reais em cada região do país. Uma delas é o próprio monitoramento da produtividade agrícola, aliado ao histórico climático de cada região do país, pois sabemos que cada cultura e cada região necessita de diferentes tipos de irrigação. Portanto, ter um sistema de análise territorial e geográfica, pautada em dados, que inclusive não são poucas variáveis, para que seja uma premissa da contratação indicando seu real risco a cada uma das oportunidades.

Com um sistema utilizando Gêmeos digitais, geografia e data geoanalytics, é possível ter segurança, transparência, assertividade e precisão para análise crítica mitigando erros na precificação e riscos a carteira. Pensando nisso, diversas tecnologias e empresas têm buscado ferramentas analíticas para melhoria da oferta de seguro.

Ao combinar tecnologia com o propósito de mitigar riscos, o mercado de seguros rurais está colaborando para alavancar a produção no campo e, ainda, para a construção de um agronegócio mais sustentável. Dessa maneira, torna-se mais viável o cumprimento dos deveres do seguro e da agricultura, como bem resumiu a frase de um autor desconhecido: “A agricultura é a arte de saber esperar. O seguro é a arte de tranquilizar a espera”.

Atualmente no mercado, há diversas tecnologias para apoiar o produtor rural em mitigar os riscos da lavoura, porém nem todas consideram variáveis altamente qualificadas para minimizar os riscos corretamente.

Dicas para aumentar o portfólio e a área de atuação 

De fato, as seguradoras encontram desafios importantes na gestão da sua carteira de clientes. Isso faz com que muitas empresas atuem de forma limitada, não aproveitando todas as oportunidades disponíveis no mercado de seguro agrícola porque não tem agilidade e segurança suficiente para expandir o portfólio.

Para isso, as empresas precisam investir em tecnologias, promovendo uma revolução no agronegócio. É improvável mensurar, de forma simples e objetiva, o risco sem o uso de tecnologias que traduzam a enorme quantidade de dados e os transformem em conhecimento.

Digitalização da análise

A contratação do seguro rural passa por diversas fases. Em todas elas, desde a cotação das propostas até o acompanhamento das apólices e possíveis sinistros, a digitalização é fundamental para acelerar a sua análise, trazendo mais celeridade para o processo.

O grande diferencial que o uso de dados traz para a seguradora é o monitoramento à distância, de forma individualizada e transparente. Não é preciso realizar vistorias presenciais, que custam caro e não têm a mesma precisão da tecnologia — por meio de uma plataforma, a empresa acompanha a carteira de propriedades seguradas direto pela internet. Sendo assim, um dos maiores benefícios, ou seja, redução de custos da operação.

Percepção melhor dos riscos

Uma grande dificuldade de expansão do seguro rural é a percepção inconsistente dos riscos. Se você só tem acesso a informações básicas, sem nenhum sistema automatizado que faça uma análise, é natural que a compreensão dos riscos seja maior.

Quando isso acontece, existem duas consequências: ou os riscos não são aceitos pelas seguradoras ou, quando aceitos sem as informações básicas necessárias, as taxas podem ser elevadas. Para isso, tomar decisões baseados em dados é a melhor estratégia para melhor valoração do seguro.

Monitoramento mais efetivo das apólices

De forma geral, as seguradoras despendem os seus esforços durante o período de contratação do seguro e quando ocorre o sinistro. Porém, é necessário acompanhar e monitorar as apólices emitidas para se antecipar a possíveis problemas ou planejar ações para minimizar os prejuízos causados pelos fenômenos naturais.

Com o uso de dados históricos e imagens de satélite do campo, é possível monitorar as propriedades rurais, recebendo informações como: validação da cultura (se foi plantada corretamente), identificação da data do plantio e colheita e a validação do ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) da região e cultura. Além disso, as seguradoras também precisam acompanhar se os seus clientes estão em dia com o compliance socioambiental, adotando todas as práticas de ESG (ou ASG, que significa

Ambiental, Social e Governança) nas suas atividades. Ou seja, é possível prever e mitigar riscos socioambientais com esse rastreamento constante.

Conclusão 

Nos dias atuais, as ferramentas tecnológicas têm municiado as seguradoras para fornecer capacidade de realizar o “pós-venda” do seguro rural com mais efetividade. O resultado é um maior conhecimento sobre o seu portfólio e sobre o campo, possibilitando mais segurança para atuar em áreas menos conhecidas.

Além dessa capacidade, a digitalização do seguro rural pode trazer muitos outros benefícios para as seguradoras. Estamos falando de um mercado com alto potencial de crescimento, mas que é limitado pela falta de informações e conexão entre instituições e produtores. Possibilitando melhorar a gestão de riscos e expandir a sua carteira de clientes.

Por isso, em vez de definir taxas mais altas para os produtores, as seguradoras que usam tecnologias para minimizar corretamente esses riscos podem oferecer um produto mais atrativo e sofisticado, com boa rentabilidade para a instituição e valores dentro da realidade dos produtores. Naturalmente, será possível expandir sua atuação sem aumentar a exposição ao risco, gerando receita e aumento de capilaridade.

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