Para desenvolver um bom plano de lavra, é essencial realizar um estudo detalhado da área de extração. Nesta etapa, a tecnologia desempenha um papel crucial.
Através da análise espacial e visualização 3D, é possível obter uma análise precisa do volume contido na jazida, da geometria da cava e da disposição dos rejeitos nas cavas exauridas.
Para a mineração de areia, esses atributos precisam ser minuciosamente calculados, devido ao baixo valor agregado da substância e à necessidade de manter os custos de produção equilibrados.
Hoje, vamos explorar como a Saint-Gobain do Brasil tem utilizado a tecnologia ao seu favor para reduzir custos operacionais e aumentar a eficiência no gerenciamento da lavra.
A Saint-Gobain do Brasil é um grupo empresarial que atua no mercado de construção e no Brasil detém a marca Quartzolit. A Quartzolit opera uma jazida de areia que abastece a principal fábrica de argamassas do grupo.
Com uma equipe multidisciplinar, o setor de geologia é responsável não só pelo Planejamento da Lavra, mas também pela gestão dos ativos minerais e pela gestão ambiental da unidade de mineração.
Desafios na Extração
No dia a dia, os desafios incluem a necessidade de estimar com precisão os volumes de areia contidos nas jazidas, determinar e atualizar a geometria das cavas, calcular a vida útil da jazida e determinar a taxa de geração de rejeitos argilosos. Além disso, é crucial garantir a capacidade adequada de disposição desses rejeitos nas cavas exauridas.
Para resolver esses desafios, foi adotada uma abordagem tecnológica integrada ao ArcGIS. Utilizou-se a visualização de dados históricos de planejamento de lavra, levantamento topográficos e imagens de satélite e drone para obtenção de uma visão abrangente das operações.
Com essas informações, foi possível desempenhar projeções das cavas e calcular os volumes projetados com precisão.
Além disso, a Saint-Gobain realiza atividades contínuas de acompanhamento do avanço da lavra e a comparação com o planejado, ajustando eventuais desvios na operação para garantir que estejam sempre alinhados com o plano original. Essa abordagem permite uma gestão eficiente, reduzindo custos e aumentando a produtividade.
Otimização do Planejamento da Lavra
O procedimento utilizado para otimização do planejamento de lavra envolve várias etapas detalhadas e integradas.
Durante a extração da areia, o material passa por beneficiamento e seu resíduo é constituído por argila, que precisa ser decantada nas cavas exauridas.
O avanço da lavra é feito em bancadas, e quando se atinge a cota das bordas da cava, a operação avança verticalmente para baixo.
Para atualizar a topografia e o terreno, realiza-se levantamento topográfico com drone. Estes dados são processados e importados para o ambiente do ArcGIS Pro, onde são gerados modelos digitais e cenas 3D.
Os produtos incluem o MDT (Modelo Digital de Terreno), TIN (Triangular irregular network) e os ortomosaicos (Figura 1), que permitem uma visualização da área de mineração.
O planejamento e o modelamento são realizados em conjunto com a equipe da mina, estabelecendo as cotas e os taludes. A construção das cavas começa com uma análise 2D baseada na topografia, onde são desenhadas as linhas e a forma da cava.
Em seguida, é gerado um modelo 3D da lavra planejada e um TIN da topografia. Utiliza-se a ferramenta Surface Difference do ArcGIS Pro para comparar a superfície planejada com a superfície obtida do levantamento com drone, permitindo calcular os volumes a as áreas das cavas (Figura 2).
Com essas informações, a equipe da Saint-Gobain analisa a aderência da operação ao plano de lavra, projetando os modelos com ortofotos e o TIN para acompanhar a evolução do trabalho.
Além disso, estimam os volumes que as cavas terão para receber argila no futuro, garantindo que haja espaço suficiente para a decantação. Esse procedimento integrado permite uma gestão eficaz e precisa, alinhando a operação ao planejamento estratégico.
Ganhos para a Operação
A aplicação de informações espaciais e visualização em 3D tem revolucionado a forma como a equipe de mineração da Saint-Gobain do Brasil guia o avanço da lavra, proporcionando uma visão detalhada do terreno e das operações.
Esse avanço tecnológico permite um acompanhamento contínuo do desenvolvimento da lavra e da aderência ao plano estabelecido, garantindo que a operação esteja sempre alinhada com as metas de produção e sustentabilidade.
Além disso, o gerenciamento eficiente da disposição de rejeitos argilosos nas cavas exauridas assegura que o impacto ambiental seja minimizado, otimizando o uso dos recursos disponíveis e mantendo a operação dentro dos padrões regulatórios.
A integração dessas tecnologias não apenas aumenta a eficiência operacional, mas também promove uma mineração mais responsável e sustentável!
Autores:
Gabriel Rossi – Geólogo da Saint-Gobain do Brasil
Geólogo com mais de sete anos de experiência em exploração e coordenação de equipes em diversos ambientes de campo e seis anos focados em agregados minerais para construção civil.
Blenda Carvalho – Analista do Sucesso do Cliente da Imagem | Esri
Entusiasta da geotecnologia, reconhece o potencial transformador dessa área para a sociedade. Atualmente, ocupa a posição de Analista de Sucesso do Cliente na Imagem Geosistemas, distribuidora oficial da Esri e da plataforma ArcGIS no Brasil.