Há sessenta anos, o geógrafo Roger Tomlinson iniciou uma revolução ao utilizar computadores para organizar e analisar mais de mil mapas em um projeto de inventário de terras no Canadá.
Foi ele quem cunhou o termo Sistema de Informação Geográfica (GIS), uma solução que desde então evoluiu de uma ferramenta técnica para um pilar essencial da inteligência empresarial.
Hoje, mais de três quartos das empresas da Fortune 500 utilizam o GIS para tomar decisões informadas, otimizando desde a logística até a análise de riscos ambientais.
O GIS enriquece os dados armazenados em sistemas de planejamento de recursos empresariais (ERP), gerenciamento de relacionamento com clientes (CRM), gerenciamento da cadeia de suprimentos (SCM), e em seu próprio banco de dados principal para responder a perguntas cruciais para a empresa moderna:
- Onde nossos ativos são mais vulneráveis ao risco climático?
- Como gerenciamos operações em toda nossa empresa?
- Quais são os melhores locais para nossas lojas de varejo?
- Como podemos prever as vendas nos próximos trimestres?
1960-1980: O Começo no Setor de Recursos Naturais
Nos anos iniciais, o GIS era amplamente utilizado por agências governamentais, mas não demorou para que empresas do setor privado, como as de recursos naturais, percebessem o valor da tecnologia.
Empresas florestais, por exemplo, usavam GIS para monitorar propriedades e gestão territorial, enquanto empresas de petróleo e gás aplicavam análises espaciais para escolher locais para novos projetos e avaliar impactos ambientais após desastres.
No Brasil, um exemplo similar pode ser visto no uso do GIS pela Petrobras para otimizar suas operações e mitigar impactos ambientais.
1990: GIS e o Mercado Consumidor
Com os avanços na capacidade computacional nos anos 1990, o GIS evoluiu para ser uma ferramenta essencial na análise de mercado.
Varejistas, por exemplo, passaram a usar o GIS para identificar as melhores localizações para lojas com base em características demográficas e áreas de atuação.
No contexto brasileiro, podemos pensar no uso do GIS por redes de supermercados e bancos, que utilizam a tecnologia para identificar regiões mais rentáveis e planejar a expansão de pontos de atendimento.
2000-2010: Tornando-se uma Tecnologia Empresarial
Nos anos 2000, o GIS expandiu-se além dos departamentos técnicos, sendo utilizado para previsões de vendas, inteligência competitiva e análise de riscos.
Empresas de seguros passaram a usar o GIS para analisar risco de forma mais precisa, ajustando suas apólices por ruas específicas ao invés de apenas códigos postais.
No Brasil, podemos destacar o uso do GIS por seguradoras que, em face aos desafios ambientais, passaram a analisar com precisão regiões propensas a enchentes.
2010-Presente: Inteligência de Localização Acessível
A partir da década de 2010, com a computação em nuvem e avanços na tecnologia móvel, o GIS passou a ser uma ferramenta acessível para diversos departamentos dentro das empresas.
No Brasil, o setor de energia elétrica usa o GIS para monitorar redes e prever pontos de falha antes de interrupções de serviço, enquanto empresas de engenharia civil o utilizam para monitorar o progresso de grandes obras de infraestrutura por meio de gêmeos digitais.
Hoje, o GIS não é apenas uma tecnologia, mas sim uma plataforma estratégica para enfrentar desafios complexos, como riscos climáticos e análises de sustentabilidade.
Empresas brasileiras que buscam se destacar no cenário global adotam o GIS não apenas para monitorar onde estão seus ativos, mas para antecipar o que poderá impactar seus negócios no futuro.
Assim, o GIS segue cumprindo o papel vislumbrado por Roger Tomlinson: uma ferramenta para planejar o futuro entendendo o presente.
Este artigo é adaptado do texto original ‘How GIS Became the Enterprise Technology It Is Today’ de Nikki Paripovich Stifle, publicado pela Esri.
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