Um novo paradoxo no comportamento de consumo
No período pós-pandemia, algo curioso começou a acontecer com a percepção da economia pelos consumidores nos Estados Unidos:
o que eles dizem sentir sobre o cenário econômico passou a divergir radicalmente de como eles agem.
Apesar do desânimo generalizado, os consumidores continuam comprando — e até mais do que antes da pandemia.
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Saiba como migrar hojeSegundo um relatório recente do Federal Reserve (o Banco Central dos EUA), os tradicionais indicadores de confiança do consumidor já não captam com precisão o comportamento de mercado.
Para entender esse paradoxo entre sentimento e consumo, empresas precisam ir além dos indicadores clássicos e analisar novas fontes de dados.
Nesse cenário, uma abordagem geográfica — com o uso de tecnologias como o GIS (Sistema de Informação Geográfica) — pode trazer clareza. Mapas interativos ajudam a contextualizar padrões de consumo de forma visual e estratégica.
A divergência entre sentimento e consumo
Em meados de 2022, mesmo com a inflação elevada e o impacto da COVID-19 ainda presente, o sentimento do consumidor americano atingiu níveis historicamente baixos.
Nos anos seguintes, a inflação começou a ceder, o mercado de trabalho aqueceu e os salários passaram a crescer acima dos preços.
Ainda assim, o pessimismo persistiu.
Mais surpreendente: mesmo com essa percepção negativa, os dados mostraram aumento no volume de compras em 2024 — comparado a 2019 — mesmo para famílias que relataram queda de renda nesse período.
Ou seja, não foi apenas uma questão de gastar mais por causa da inflação, mas sim de comprar mais em volume.
O que isso significa para os negócios?
A diferença entre o que os consumidores sentem e o que de fato fazem pode gerar decisões equivocadas.
Após a recuperação das cadeias produtivas no pós-pandemia, muitas empresas acreditaram que o baixo otimismo indicava queda iminente no consumo — e por isso reduziram investimentos em produção.
Resultado: perderam oportunidades, como aponta um relatório da McKinsey.
Por isso, depender exclusivamente de métricas como o “índice de confiança do consumidor” pode ser arriscado.
Outras fontes, como dados demográficos e psicográficos, nível de renda disponível, índice de preços ao consumidor e até o volume de endividamento via cartão de crédito, ajudam a formar uma visão mais completa.
O valor dos dados geográficos
Boa parte dos dados de consumo inclui componentes geográficos.
E é aí que entra o poder do GIS: com ele, é possível criar mapas temáticos para apoiar decisões de mercado, localização de unidades, estratégias de precificação e muito mais.
Mas, como explica um gerente de GIS de uma grande varejista global, conhecer a renda média de um público não basta:
“Sabemos que esse público tem renda de R$ 150 mil por ano, mas quanto disso ele realmente gasta com vestuário, por exemplo? É aí que entra o valor dos dados psicográficos.”
Combinando múltiplas fontes de dados e inteligência geográfica, empresas conseguem enxergar o comportamento do consumidor em contexto, com mais clareza e precisão.
E no Brasil, vemos algo parecido?
Embora os contextos econômicos e sociais sejam distintos, no Brasil também é possível observar desconexões entre percepção e comportamento de consumo.
Mesmo em momentos de incerteza econômica e queda na confiança do consumidor — como apontado por índices como o ICEC (Índice de Confiança do Empresário do Comércio) ou o ICC (Índice de Confiança do Consumidor) — o varejo segue apresentando crescimento em setores específicos, como alimentos, farmácias, eletrodomésticos e até viagens.
O aumento do uso de crédito, programas sociais e mudanças no perfil de consumo (com mais foco em experiências e conveniência) também contribuem para esse paradoxo local.
Análises espaciais e geográficas, apoiadas por soluções como o ArcGIS, ajudam empresas a entender essas nuances e ajustar sua atuação regional de forma mais estratégica.
Conteúdo traduzido e adaptado do original de James Higgins da Esri.