Aperfeiçoe a apresentação e comunicação dos seus mapas em 8 dicas: Aprenda e aplique com base no Atlas da Mineração da FIEC

Logo da FIEC (Federação das Indústrias do Estado do Ceará), com as letras "FIEC" em azul, e um detalhe em forma de triângulo azul claro na letra "I", sobre um fundo branco.

Sistema FIEC

Federação das Indústrias do Estado do Ceará

A criação de mapas temáticos que proporcionem uma interpretação facilitada das informações é fundamental para o sucesso na comunicação e alcance dos objetivos na elaboração de mapas.

O Atlas da Mineração desenvolvido pelo Observatório da Indústria do Ceará / Sistema FIEC é um exemplo de como a simbologia bem planejada pode impactar a compreensão dos dados.

Neste artigo, apresentaremos algumas dicas de design e layout de mapas, ilustradas com exemplos do Atlas da Mineração.

1 – Escolha as cores de forma estratégica

Mapa do Ceará mostrando a densidade demográfica dos municípios, com gradação de roxo indicando a densidade populacional em diferentes áreas, destacando municípios como Fortaleza, Crato e Sobral.

Com a infinitude de cores e representações disponíveis no sistema ArcGIS, é desafiador definir as cores dos mapas.

Uma forma de começar, é pensar se fenômeno observado se relaciona com cores definidas (símbolos únicos) ou com gradientes (quantidades diferentes do mesmo fenômeno).

Em seguida, é importante pensar na coexistência dessas cores.

Utilizar cores pastéis, com pouca saturação, em mapas é uma estratégia eficaz para garantir que as cores não conflitem entre si e proporcionem uma visualização mais harmoniosa e agradável.

A escolha de cores pastel é especialmente útil em mapas com múltiplas camadas ou categorias, pois mantém a estética visual sem comprometer a legibilidade.

Além disso, essas cores contribuem para uma experiência visual mais tranquila, ajudando os usuários a focarem nas informações essenciais sem distrações.

Os mapas de abertura do Atlas da Mineração utilizam esse princípio. Os tons pastéis são fundamentais para organizar a hierarquia de informações dentro de um mesmo tema.

Além disso, como uma boa prática, algumas estilizações seguiram padrões de cores que são referenciais na geologia, como por exemplo para representação litológica.

Um erro comum neste tipo de mapa é utilizar cores que podem ser chamativas. Nesse caso, corre-se o risco de ignorar um aspecto fundamental, que é organizar e hierarquizar a informação de maneira eficiente.

2 – Trabalhe tamanhos e agrupamentos

Mapa do Ceará mostrando a distribuição da indústria extrativa em 2021, com círculos de diferentes tamanhos representando a quantidade de empregados formais por município. As sedes regionais estão marcadas, assim como os pontos de apoio à extração mineral, indicados com a letra "A" em vermelho. Municípios como Crato, Juazeiro do Norte e Fortaleza são destacados com maior concentração de atividades extrativas.

Quando lidamos com uma grande quantidade de pontos em um mapa, é altamente eficaz agrupá-los para melhorar a clareza e a legibilidade da visualização.

O agrupamento, ou clustering, agrupa pontos que estão próximos uns dos outros em um único símbolo, reduzindo a sobrecarga visual e facilitando a interpretação dos dados em áreas densamente povoadas.

Além disso, ajustar o tamanho dos pontos em relação a algum valor de atributo, como população ou volume de vendas, permite representar visualmente a magnitude dos dados de forma intuitiva.

Essa prática não só destaca as diferenças de valor de maneira clara, como também melhora a compreensão dos padrões e tendências.

Este exemplo pode-se se comportar de maneira diferente nos mapas e webmaps, devido aos recursos tecnológicos.

O Atlas da Mineração também se apoiou neste princípio a respeito da distribuição geográfica da Indústria Extrativa no Ceará.

Em uma cartografia mais tradicional, os símbolos proporcionais são excelentes para evidenciar quantidades absolutas em sua distribuição geográfica.

Além de permitir uma comparação mais fácil e rápida entre as localizações com mais ou menos ocorrências.

Observe que as quantidades são a primeira informação percebida no mapa.

Além disso, o mapa permite estabelecer a relação de proximidade com os segmentos de apoio à extração mineral, representados de maneira rápida e simples pela letra A com cor oposta.

Dessa forma forma-se rapidamente a ideia de concentração e de aglomerado, essencial neste tipo de mapa.

Na versão digital do Atlas da Mineração, foi essencial utilizar a clusterização para representar as quantidades de minerais, sendo que uma vantagem tecnológica importante é que os clusters ajustam seu tamanho e expressão conforme a escala do mapa, com a impressão numérica sobre o cluster acompanhando essa variação em tempo real.

Além disso, os tamanhos dos clusters também são influenciados pelas seleções de minerais e pela escala de visualização, permitindo que áreas como a região do Cariri, no sul do Ceará, com grandes círculos, sejam rapidamente identificadas como as principais zonas de ocorrência de minerais.

Mapa do Ceará com marcadores em azul indicando a localização e a quantidade de recursos minerais. A região do Cariri é destacada como uma área de maior concentração de recursos.

 

3 – Ajuste os contornos

Contornos em pontos e polígonos às vezes se tornam uma distração ou dificultam a visualização de camadas que estão sobrepostas.

Isso atrapalha a comunicação do mapa e faz com que o leitor perca o interesse rapidamente, pois as informações parecerão confusas.

Uma maneira fácil de manter sua importância enquanto chama a atenção para o tópico do mapa é misturar com cores, espessuras e transparência em seus limites/contornos.

Por exemplo, altere seus limites ou contornos das formas básicas, e use transparências para amenizar as sobreposições.

No Atlas da Mineração, os mapas de ocorrências geológicas frequentemente tinham sobreposições.

Repare que nas áreas onde ocorriam muitas sobreposições de depósitos (de dois diferentes tipos), o uso de transparências permitiu o melhor entendimento da situação sem que o mapa ficasse “sobrecarregado”.

Mapa indicando áreas de mineração de areia e brita no Ceará, destacando localidades próximas a Fortaleza e Itapipoca, mostrando a relação entre atividades econômicas e unidades geológicas.

Além disso, foi necessário trabalhar muito bem as bordas dos círculos de ocorrências e indícios minerais.

As ocorrências, sempre em maior número, ganharam bordas simples (menos chamativas) e os indícios, que se apresentavam em menor número, ganharam bordas espessas e chamativas, para que fossem diferenciados e, nas poucas áreas em que aparecem, chamem mais atenção do olhar do leitor.

Tenha paciência com o seu mapa. Na maior parte das vezes, não há um padrão e é preciso fazer vários testes para chegar na melhor estilização.

Lembre-se de testar sua simbologia em diferentes telas e, inclusive, em versão impressa.

 

4 – Pense em escala

Garanta que símbolos e textos estejam dimensionados corretamente para a escala do mapa.

À medida que você faz zoom in e out, os tamanhos dos símbolos e textos, assim como as camadas exibidas, devem ajustar-se para assegurar que a informação relevante esteja visível e adequada à distância de visualização do usuário.

Para assegurar que todas as informações fiquem adequadas na versão final do seu mapa, ajuste a escala de referência nas propriedades do mapa.

Além disso, configure a representação dos símbolos e textos em pixels para garantir uma aparência consistente em todas as telas e impressões.

Essa configuração garantirá que a visualização final do mapa esteja otimizada e que todos os elementos gráficos sejam exibidos de maneira clara e eficaz, independentemente do nível de zoom ou do formato de saída.

Por exemplo, qual seria o tamanho mínimo dos pontos de ocorrência mineral para que fossem vistos e compreendidos da mesma maneira, em diferentes escalas do mapa?

Isso requer (obrigatoriamente) a configuração dos tamanhos, cores e bordas em harmonia com o conjunto do mapa, escala diferentes detalhamentos que as escalas permitem.

 

Mapa com foco em áreas de exploração mineral no norte do Ceará, incluindo a distribuição geológica das formações e principais pontos de ocorrência de recursos minerais.
Em visão abrangente do Estado do Ceará
Mapa mostrando as características geológicas e minerais da porção oeste do Ceará, incluindo a distribuição de minerais, áreas de preservação e formações litológicas.
Em detalhamento regional, exemplo: Região do Cariri

Mapa geológico simplificado da região de Crato, no sul do Ceará, com informações sobre a distribuição de substâncias minerais como gipisita e chumbo, além de unidades de conservação e áreas indígenas.

No detalhamento municipal, o aplicativo foi configurado para exibir os rótulos

5 – Utilize transparência

A transparência pode ser uma ferramenta poderosa para realçar padrões nos seus dados e revelar interações entre camadas, sobretudo nas versões online é bastante eficaz. Ao ajustar a transparência, você pode destacar tendências e valores significativos enquanto permite que informações subjacentes se tornem visíveis. Isso facilita a visualização de como diferentes camadas se sobrepõem e interagem, proporcionando uma compreensão mais profunda e detalhada dos dados. Usar a transparência de forma estratégica melhora a clareza e a eficácia da comunicação visual, tornando os mapas mais informativos e interativos.

No Atlas da Mineração, foram feitas duas camadas de litologia. Uma delas simplificada (sempre aparente) e outra muito mais detalhada (selecionável). Utilizou-se 50% de transparência para que estas duas camadas se tornem comparáveis. Dessa forma é possível inclusive ver as subdivisões de grupos litológicos em segmentos menores. Além disso, essa estratégia atende usuários mais genéricos e profissionais da área que precisam de maiores detalhes.

Mapa mostrando áreas de exploração de areia e brita na região norte do Ceará, destacando atividades minerárias em diferentes localidades, incluindo Tianguá, Itapipoca, e Fortaleza.

Litologia simplificada

Mapa abrangente da região norte do Ceará, com sobreposição de camadas de informação mineral e geológica, detalhando unidades litológicas e áreas de preservação.
Litologia completa sobreposta

Outra grande vantagem das transparências é o valor percebido do produto quando o usuário pode visualizar a informação com a imagem de satélite no plano de fundo.

Observe o exemplo de Unidades de Conservação com aplicação de transparência permitindo observar a nuances da vegetação, urbanização e relevo dentro e ao redor das unidades.

Mapa do sul do Ceará, indicando áreas ambientais protegidas, territórios quilombolas e sítios arqueológicos, sobre uma base de imagem de satélite, mostrando também infraestrutura de estradas e localidades.

 

6 – Evite preto e branco

O preto e o branco são cores que podem desviar a atenção do seu público e criar um contraste excessivo, tornando a leitura do mapa menos fluida.

Para melhorar a experiência visual, suavize as bordas e opte por demarcações com cores menos agressivas aos olhos.

A escolha de cores mais suaves e harmoniosas contribui para uma visualização mais agradável e eficaz, permitindo que os usuários absorvam as informações de forma mais intuitiva e sem esforço.

Mesmo em um mapa com muitas e marcantes cores como o mapa de litologia do Ceará, foi possível atenuar cores muito próximas e trabalhar a relação de bordas entre cores vizinhas de forma que a informação visual ficasse assertiva e ao mesmo tempo agradável.

Mapa geológico simplificado da região norte do Ceará, destacando unidades litológicas e principais falhas tectônicas, classificadas por cores que indicam diferentes tipos de rochas e eras geológicas.

Um dos principais cuidados desse mapa foi evitar que cores mais expressivas (ex. vermelho) fossem atribuídas aos polígonos maiores.

Inversamente, repare que o vermelho foi utilizado na base mais descontínua (granitóides neoproterozóicos) para que esta categoria ficasse mais evidente.

As maiores bases, de rochas metamórficas, ganharam os verdes mais pastéis, permitindo chegar a um balanço de entre estar visível e chamar a atenção de maneira mais equilibrada possível.

Ainda no caso neste mapa, repare que os pretos (zonas de cisalhamento) e rótulos dessas zonas são suficientes para chamar atenção (fazer-se presente) sem atrapalhar a visualização do mapa ou mesmo torná-lo tedioso.

Lembre-se que sempre há uma expectativa de beleza estética nos mapas, talvez pelas nossas lembranças dos mapas escolares e por, culturalmente, os mapas sempre chamarem nossa atenção por ativar um senso de localização, aventura e descoberta.

Por isso, não é uma tarefa simples conquistar e manter a atenção do seu leitor com o design de um mapa, mas certamente vale a pena o investimento.

 

7 – Valorize o layout

Os mapas muitas vezes circulam independente das publicações onde estão inseridos.

Outras tantas vezes eles são também peças individuais.

Portanto é importante dar a devida atenção ao emolduramento e às convenções cartográficas dos mapas.

No Atlas da Mineração, foi feito um layout de folha cheia, com traços finos e bordas arredondadas, aproveitando todas as convenções sendo aproveitadas para acrescentar em informação útil ao leitor.

Além disso, para criar integração com o conjunto da publicação, foi desenvolvida uma identidade visual para o Atlas da Mineração e aplicada em todos os mapas (canto superior direito).

O layout é como um veículo que transporta o mapa.

Um layout bem-feito e a identidade visual são um excepcional cartão de visita para que o público entenda a diferenciação da publicação.

 

8 – Não economize em informação

Tanto os mapas tradicionais quanto as versões de plataformas on-line precisam ser informativas.

Por isso, informe o leitor/usuário o quanto for possível.

No Atlas da Mineração, a ideia de “cards”, que é nativa das versões on-line, foi aplicada também na versão impressa do Atlas.

Mapa do Ceará com informações sobre recursos minerais, identificando pontos de ocorrência de substâncias, incluindo grafita, e informações geológicas, como morfologia e tipo de rocha encaixante.
Cards informativos para cada ocorrência mineral

Como é impossível fazer um card para cada ocorrência mineral, na versão impressa, optou-se por agregar algumas informações importantes para os agrupamentos minerais.

Isso traz maior completude e possibilidade de insights com os mapas, como abaixo:

Mapa geológico da região de Sobral, destacando unidades litológicas e infraestrutura, como açudes e linhas de transmissão de energia, além de áreas com atividades econômicas e geológicas.

Repare que existe um aglomerado de ocorrências muito mais evidente na Região de Sobral, por isso foram inseridas informações que podem ser interessantes para investidores, tais como rodovias de acesso, capacidade dos açudes e as diferentes tensões disponíveis para o fornecimento de energia elétrica.

Para finalizar!

Aplique e treine cada uma dessas dicas, explore exemplos e realize testes para descobrir o que funciona melhor para suas necessidades.

No Atlas da Mineração, tanto nos mapas quanto na plataforma, foram feitos testes de interpretação e usabilidade, tanto com o público geral como com profissionais da área.

Use a criatividade para adaptar essas sugestões ao seu estilo de design.

Ao aplicar essas orientações, compartilhe conosco suas experiências e resultados!

Esperamos que essas dicas te ajudem a criar mapas mais eficazes e fáceis de ler, melhorando a comunicação das informações e a experiência dos usuários.

Autores

Fotografia de Rodolfo Finatti, pesquisador do Observatório da Indústria do Ceará/Sistema FIEC, em um ambiente formal, vestido com um terno e uma camisa vinho, sorrindo para a câmera com fundo azul.

Rodolfo Finatti

Pesquisador do Observatório da Indústria da FIEC, especialista em Sistemas de Informação Geográfica (SIG).

Fotografia de Carolina Rovira, Analista de Sucesso do Cliente da Imagem Geosistemas, usando uma camiseta preta com a logo da Imagem e Esri em fundo azul.

Carolina Rovira

Analista de Sucesso do Cliente na Imagem Geosistemas, atua na área de meio ambiente e estratégias geográficas governamentais.

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