Após a Nova Lei do Gás, em 2021, o setor de Gás Natural no Brasil ganhou força, está se expandindo e cada vez mais se tornando uma nova opção de energia limpa e de baixo carbono a ser introduzida na matriz energética brasileira.
Conforme o Repositório do IPEA , o Gás Natural desempenha um papel importante na matriz energética mundial. A busca pela transição para uma matriz de energia menos intensiva em carbono e, ao mesmo tempo, preservando a segurança energética, tem levado diversos países a aumentar a participação do gás natural, tendo em conta sua menor emissão relativa de Gases de Efeito Estufa (GEEs).
Nos últimos trinta anos, o uso do gás natural cresceu de forma significativa no cenário mundial. No Brasil, a sua participação representa apenas 12,2% da matriz energética brasileira.
Entretanto, segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), órgão setorial responsável pelo Planejamento Energético nacional, este número deve crescer entre 2023 e 2032, aumentado o consumo em 26% neste período.
O portal Poder 360 traz uma análise sobre o estudo da EPE indicando que este aumento será puxado pelo crescimento da demanda industrial, comercial e residencial e, para suportar este crescimento, a infraestrutura de gás também deve ser ampliada com novas UPGNs (Unidades de Processamento de Gás Natural) e gasodutos, previstos para entrar em operação na próxima década. Dos 6 novos gasodutos projetados, 3 devem escoar a produção dos campos e outros 3 servirão para transporte, ampliando a malha de gás em terra.
Diante deste cenário, as concessionárias de distribuição de gás no Brasil deverão expandir sua rede atual para atender a esta demanda crescente.
Este processo de expansão é complexo, podendo levar meses, já que passa por uma série de etapas, como o planejamento e a criação do Como Construído (As-Built), antes de a nova rede ser documentada nos sistemas de cadastro técnico e estar disponível e segura para operações comerciais.
Vamos ver na sequência como digitalizar este processo e melhorar a eficiência operacional, reduzindo tempo na criação e retorno do As-Built, trazendo mais segurança para a operação e agilidade nos processos técnicos e comerciais.
As informações a seguir foram retiradas do artigo do Tom DeWitte – Gas Technical Lead da Esri
Uma breve história da documentação as-built
Durante muito tempo, empresas de distribuição de gás no mundo todo usaram papel no processo de documentação da construção do sistema de gás. Os documentos eram chamados de “pacote de construção”, onde as organizações armazenavam os documentos em um grande envelope para serem compartilhados com os demais departamentos que necessitavam consultar as informações.
Com o avanço da tecnologia as empresas começaram a adotar novos processos. A 1ª geração de soluções foi a substituição dos desenhos de construção em papel por um esboço digital.
A 2ª geração de soluções incorporou GPS de alta precisão e leitores de códigos de barras para documentar com mais precisão a nova construção. Esse foi um salto de tecnologia comparada a primeira geração de soluções encontrada pelo setor de gás.
Essa solução, embora tenha acelerado o processo, concentrou-se exclusivamente na documentação de ativos recém-instalados, deixando o restante do processo ainda em formato de papel, ou seja, alguém dentro do escritório ainda teria que ler e interpretar os documentos em papel para poder digitalizar e representar os ativos em algum sistema.
Para resolver o problema de vez e digitalizar todo o processo de construção, a 3ª geração de soluções começou a fornecer mapas, formulários e regras de negócio facilmente configuráveis que, além de capturar digitalmente os ativos recém-instalados, também fornecem a capacidade de capturar o restante da documentação, como teste de pressão, inspeções de tubulações expostas e realizar listas de verificação de instalações construídas. Esta transformação digital do pacote de construção é o que hoje chamamos de Digital Field As-Building.
Então, o que há no Digital Field As-Building que é tão transformador a ponto de impactar positivamente a capacidade de uma organização de gás de manter uma rede de tubulações de gás segura e confiável?
Há tantas melhorias proporcionadas pelo as-building do campo digital que elas precisam ser agrupadas em três categorias: maior qualidade, processos de negócios aprimorados e redução de custos.
Maior Qualidade
A implementação de uma solução Digital Field As-Building para documentar a construção de novas tubulações aborda muitos dos problemas do setor associados a dados incompletos e imprecisos, seja pela captura imprecisa de informações ou erros de priorização, a causa é a mesma: baixa qualidade de dados.
A incorporação de GPS de alta precisão resolve a parte da precisão da localização espacial da qualidade dos dados.
A antena GPS utiliza a comunicação Bluetooth para transmitir os dados de localização de coordenadas diretamente para o ArcGIS Field Maps em execução em um dispositivo móvel, como um tablet ou celular. No ArcGIS Field Maps, essas informações são armazenadas como recursos nativos do ArcGIS. Os recursos coletados em campo eliminam a necessidade tradicional da equipe de escritório interpretar e redesenhar manualmente a nova construção documentada em campo.
Processos de negócios aprimorados
Os processos legados da indústria que utilizam de papel para documentar a nova construção estão repletos de duplicações. Por exemplo, um formulário de inspeção de tubo exposto é manuscrito pelo técnico de campo. Na sequência, uma pessoa no escritório interpreta as informações manuscritas e, em seguida, insere essas mesmas informações em um sistema de gerenciamento de dados digitais geoespaciais, como o ArcGIS. Uma vez no ArcGIS, os programas de análise de integridade podem usar essas informações como parte de seus programas de Integridade de Transmissão e Integridade de Distribuição.
Usar o ArcGIS Field Maps para permitir que o técnico de campo documente digitalmente a inspeção do tubo exposto elimina a entrada duplicada de dados do escritório, pois os dados do Field Maps são gravados diretamente no ArcGIS.
Usar o ArcGIS Field Maps para coletar informações centradas no formulário, como um teste de pressão ou uma lista de verificação as-built, reduz o tempo necessário para coletar os novos dados de construção. Seus recursos de formulário inteligente simplificam formulários muitas vezes complexos e desordenados. A implementação de regras de negócio automatiza a entrada de dados e reduz a quantidade de informações inseridas pelo técnico de campo.
Todas essas melhorias de processo levam a uma redução significativa de tempo, desde a conclusão da construção até o momento em que os dados digitais são publicados para uso por toda a organização. Por exemplo, a Spire Energy de St Louis, MO, reduziu o tempo desde a construção até a postagem para uma média impressionante de 8 dias. A maioria das organizações de gás que utilizam um processo baseado em papel lutam para concluir este processo em menos de 3 meses.
Custos mais baixos
Tempo é dinheiro e as equipes de construção são caras. Isto tem sido verdade desde o início da construção do sistema de tubulação de gás. Esta pilha de soluções da geração atual para documentar novas construções parece ser mais cara. Afinal, o equipamento original usado há 100 anos era papel, lápis vermelho e fita métrica. A lista de equipamentos da geração atual inclui uma antena GPS de alta precisão, um dispositivo móvel e o software ArcGIS Field Maps.
Como pode ter um custo menor?
O as-building do campo digital da geração atual é mais barato, devido à sua melhoria significativa na redução do tempo necessário para coletar essas informações. Ele melhora o processo de negócios e elimina muitas das duplicações de entrada de dados que foram incorporadas aos processos legados. E não nos esqueçamos que cada incidente evitado pela disponibilidade de dados de melhor qualidade protege a segurança das pessoas e dos bens e poupa dinheiro à empresa de gás – potencialmente grandes quantias!
