Resenhas do Lugra: “A evolução do Mapeamento”

Lúcio Muratori de A. Graça

Conselheiro de Estratégia - Imagem/Esri

Expertise

Eu acho que em qualquer profissão, a gente deve sempre buscar o que existe de mais avançado em termos de tecnologia.

Ainda nos primeiros anos do curso de Engenharia Cartográfica acabei preferindo dedicar-me à Aerofotogrametria. Foi uma decisão natural determinada por dois fatores:

1º: eu, garoto criado em apartamento na zona sul do Rio de Janeiro, achava um saco aquelas aulas de Topografia de campo, carregando um teodolito pra cá e pra lá, por horas a fio debaixo do sol…

Mas o grande click mesmo veio durante uma aula de Fotointerpretação, quando eu experimentei pela primeira vez um estereoscópio e vi a terceira dimensão saltar das fotografias aéreas direto para a minha mente. Ali, eu imediatamente compreendi o poder do imageamento aéreo e a sua aplicação para a cartografia em grande escala.

E olha que naquela época o alcance era muito limitado. Um projeto de aerolevantamento era caro e demorado. Somente organizações governamentais podiam fazê-lo. Vivíamos o regime militar e foto aérea era praticamente um segredo de estado. E ainda assim o resultado não passava de um mapa topográfico desenhado em papel.

Hoje, um pequeno fazendeiro pode contratar um mapeamento aéreo da sua propriedade usando drones. O resultado virá quase que instantaneamente e junto com o mapa virá uma serie de relatórios indicando diversos elementos da produção agrícola.

O imageamento por satélite, por sua vez, evoluiu demais. Se em 1986, quando a IMAGEM começou, o que tinha de mais avançado era o satélite LANDSAT-5, da NASA, com 30m de resolução…

Hoje, empresas privadas disputam quem tem a maior constelação de satélites disponíveis e capazes de obter mais de uma imagem por dia de cada ponto da terra. É como se o globo terrestre estivesse sendo continuamente escaneado sem deixar um pedacinho de fora.

Imageamento por satélite e por drones revolucionaram a arte da Cartografia, mas talvez você não saiba que por detrás tanto um como do outro, prevalecem os mesmos fundamentos matemáticos da boa e velha Aerofotogrametria.

A minha escolha pela Aerofotogrametria, me impulsionou a estar sempre ligado no que há de mais avançado na minha profissão.

A nossa empresa, a Imagem, é feita por pessoas assim, que buscam o que há de mais avançado em termos de tecnologia na sua área de expertise, seja ela qual for.

Inovação

Nos meus tempos de universitário, a decisão de estar sempre ligado no que havia de mais avançado na minha profissão, moveu-me não só a abraçar a Aerofotogrametria, mas também a participar de Congressos Científicos.

Eu não perdia a oportunidade de participar de um Congresso, principalmente se fosse fora do Rio de Janeiro pois era a oportunidade de juntar o útil ao agradável. Me lembro do Congresso de Cartografia em Curitiba, quando alugamos um ônibus e ficamos alojados na Casa do Estudante Universitário do Paraná, o CEU. Fora a bagunça legal dos estudantes, o congresso foi um luxo.

As empresas de Aerofotogrametria na época eram muito ricas e poderosas, e podiam bancar congressos como aquele no imponente e então moderno Teatro Guaíra. Ali, eu assisti pela primeira vez uma apresentação sobre o antecessor do sistema GPS, o Sistema Transit, baseado no efeito Doppler.

Eram 4 satélites e você tinha que aguardar que um deles estivesse passando sobre o seu horizonte, rastreá-lo por uma hora e então o receptor levava quinze minutos para calcular a sua posição com uma precisão de cerca de 200 metros. Isso é incrível quando se pensa que hoje, com um simples celular tem-se precisão decimétrica a qualquer hora e em qualquer ponto do Planeta

Outro Congresso inesquecível que tive a oportunidade de participar ainda como estudante universitário foi (pasmem): O “1º. Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto”, em São José dos Campos. Fui de carro com outros 3 colegas de curso.

Tivemos a fantástica experiência de visitar o INPE em São José dos Campos e em Cachoeira Paulista e ver o que havia então de mais moderno no mundo em termos de recepção e processamento de sinais dos primeiros satélites da série Landsat, e tomar conhecimentos de aplicações ainda embrionárias do sensoriamento remoto.

São vivências e aprendizados como estes que abrem a cabeça da gente para a INOVAÇÃO. E a Inovação é o que move o mundo e garante o sucesso e a longevidade das empresas.

A Imagem tem a Inovação no seu DNA e está empenhada em estruturar o processo e disponibilizar ferramentas para o desenvolvimento da Inovação na empresa.

A Cultura da Inovação é importante e é incentivada pela empresa. Mas a cultura da inovação depende um bocado do indivíduo. São competências comportamentais relacionadas ao empreendedorismo, de se sentir dono do negócio e ter vontade de inovar, tentar coisas novas e tirar ideias do papel.

É desenvolver competências técnicas ligadas ao negócio: conhecimento do mercado, concorrentes, desejos e demandas dos clientes. É ter um olhar transversal sobre a indústria e setores da economia.

E sobretudo, estar em linha com o que há de mais atual no campo das tecnologias digitais, tanto as Geotecnologias, como o IOT, Big Data, inteligência artificial e mesmo Blockchain e Metaverso.

Metaverso

Depois que Mark Zukenberg anunciou com alarde o rebranding do Facebook – enquanto empresa – para Meta, o Metaverso virou sinônimo de tudo que é moderno

Me faz pensar na história da Bossa Nova (que é um outro assunto que eu gosto muito). O impacto daquela histórica gravação de “Chega de Saudade” por João Gilberto foi tão marcante, que todos queriam embarcar no sucesso da BN.

A mídia de então adorou o rótulo. O presidente JK foi chamado de presidente bossa nova. Surgiram o carro bossa nova, o apartamento bossa nova, o terno bossa nova. Tudo virou bossa nova no Brasil … Foi como disse o grande Nelsinho Mota: “Em busca da reciclagem tudo que havia de mais velho se dizia bossa nova.

O Metaverso, para mim, é um pouco isso. Uma evolução da internet e uma promessa de futuro brilhante.

O certo é que as empresas já começaram a competir entre si de olho num futuro bem diferente do que hoje elas estão preparadas para operar, e reconhecem que se não agirem rápido elas acabarão operando em ambientes projetados por outros e para outros.

As empresas de TI já estão disputando quem vai hospedar, construir e manter o Metaverso das empresas. Um relatório da Accenture, de 2022, aponta que o mercado de transformação digital em nível global deve atingir US$1.25 trilhões em 2026, e isso levando em conta apenas a internet que a gente conhece hoje….

As empresas estão conscientes de que vão ter que operar vários mundos virtuais ancorados ao mundo real. E GIS pela sua capacidade inerente de modelagem da realidade, está bem-posicionado entre as tecnologias que farão esta âncora entre os mundos.

O conceito de Gêmeo Digital é importante.

Numa instalação industrial a ideia de um gêmeo digital parece simples, mas quando se pensa no Planeta com todo tipo de variáveis climáticas, políticas, demográficas, comportamentais, etc… a ideia de criar, gerenciar e manter mundos digitais paralelos torna-se bem mais desafiadora. Só que isso não vai impedir que nossos clientes de todos os setores: Utilities, AEC, Agro, Mineração, até mesmo Meio ambiente e Governo embarquem nesta viagem.

Por isso que o Metaverso, seja lá o que ele vier a se tornar, representa uma grande oportunidade para nós, da Imagem.

Eu não sei se o Metaverso vai ser bem assim como se imagina ou vai transformar-se em algo bem maior… Quando inventaram a internet dizia-se que o grande barato seria poder pesquisar o acervo das grandes bibliotecas e centros de pesquisa em tempo real sem sair do lugar. E vejam só no que deu.

Agregado a outras tecnologias disruptivas que na época eram incipientes, como banda larga e o celular, hoje nada nem ninguém vive sem ela.

O importante é ir se preparando, se internado de conceitos e tecnologias disruptivas como a web3.0, NFTs, AI e ML, pois quando o Metaverso começar a acontecer de verdade, o GIS estará lá para isso.

Um gole de história

Quem aprecia um bom Vinho do Porto talvez não saiba que uma das primeiras iniciativas de denominação de origem de um produto foi na região do vale do Rio Douro, em Portugal, onde este tipo de vinho é produzido.

Já no século XVII, o Vinho do Porto era muito admirado, especialmente na Inglaterra. Na época o país mais poderoso do mundo.

Contudo, a ganância pelos lucros obtidos com as exportações gerou inúmeras situações de fraude. Qualquer vinho era anunciado como Vinho do Porto. Até que em 1756, por pressão dos produtores locais, o governo português interveio, e sob a liderança do Marquês de Pombal a região foi demarcada.

Foi um inglês, de nome Joseph James Forrester, que mais ou menos em 1848 traçou os primeiros mapas detalhados e precisos do Vale do Rio Douro. Por este trabalho, foi-lhe concedido o título de Barão: O Barão de Forrester.

Hoje em dia, o conceito de originação e rastreabilidade de produtos agrícolas é cada vez mais importante. Os principais países importadores aumentaram as exigências de informações sobre a origem dos produtos, em grande parte devido à pressão dos consumidores cada vez mais conscientes de que aquilo que estão consumindo venham de países e empresas que respeitam os princípios da Sustentabilidade, representada pelo tripé: ambiental, social e governança – o ESG.

Voltando ao Vinho do Porto, se naquela época a Cartografia do Barão de Forrester foi importante no processo de originação, hoje o GIS é tão ou mais importante na rastreabilidade dos produtos, pois atua diretamente no mapeamento, monitoramento e nos diagnósticos socioambientais.

Se naquela época os instrumentos e técnicas do Barão de Forrester se limitavam a teodolitos e à observação do sol e das estrelas, hoje temos dados em abundância, a começar por imagens de satélites de todo tipo: radar, óticos, multi e até hyperpectrais, além de drones e um sem-número de tecnologias de IOT, RFID, e bases de dados históricas e dados em tempo real, para garantir a rastreabilidade e permitir ao comprador de qualquer parte do mundo saber em detalhes como o produto que ele está comprando foi produzido.

Para concluir, dá para dizer que a exigência de certificados de originação e certificação de que os produtos foram produzidos em “compliance” com as políticas do ESG serão cada vez mais utilizados como instrumentos a favor da Democracia, mostrando que Economia, Meio-Ambiente, Política e Tecnologia estão intrinsicamente ligados.

Amazônia

Diante do absurdo que foi o brutal assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, e da repercussão ainda mais absurda das declarações de pessoas criminalizando a ação dos dois, tratando um indigenista superespecializado como se ele fosse um aventureiro e um experiente jornalista internacional como se ele não tivesse nada a fazer ali naquela região, eu resolvi me posicionar.

E a melhor maneira que encontrei foi produzindo e divulgando nas minhas redes sociais um mapa simples, mas de grande impacto, mostrando que as reservas indígenas freiam a ocupação da Amazônica pelo homem.

Através da sobreposição dos limites das terras indígenas sobre as imagens de satélite fica evidente que se não fossem as reservas indígenas e as unidades de conservação federal e estadual, a maior parte do Pará, Rondônia e MT já estaria toda ocupada e a floresta destruída.

Portanto: Proteger as Terras Indígenas é proteger a Amazônia e vice-versa.

Através da publicação deste mapa eu quis ressaltar o papel que o GIS tem como instrumento de conscientização do que acontece no planeta. Quis também demonstrar que qualquer um, com algum conhecimento de ArcGIS Online e sabendo acessar as bibliotecas de mapas e dados abertos disponíveis na Esri e na comunidade Geoespacial pode, sim, produzir um mapa como este.

Os limites das Áreas Indígenas eu obtive na INDE através de um serviço WFS do IBGE.

É evidente e vem sendo comprovado pela ciência que o aquecimento global é responsável por eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes, como secas, incêndios florestais, temporais, inundações e deslizamento de terra que causam muita destruição, mortes e sofrimento.

A Amazônia tem um papel fundamental no equilíbrio do regime das chuvas no planeta. E devemos defendê-la da destruição da floresta, dos rios e da fauna pela ação ilegal por parte daqueles que são sim os verdadeiros aventureiros.

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