Em um mundo em constante evolução, onde os riscos à segurança podem surgir a qualquer momento, o acesso a informações é crucial para uma resposta rápida e eficaz. A busca por dados atualizados nem sempre é simples, exigindo uma sinergia estreita entre as organizações e colaboradores. Todas as entidades têm a responsabilidade de proteger vidas durante eventos de diferentes magnitudes.
Na indústria da mineração, a segurança assume um papel de suma importância, dada a natureza intrínseca de riscos presentes em suas diversas operações, que englobam desde atividades de pesquisa mineral até o beneficiamento de minérios, além da distribuição e comercialização dos bens extraídos. A exemplo das barragens na mineração, desastres ocasionados por rompimentos ocorrem com frequência, com um total de 158 eventos registrados globalmente entre 1961 e 2024. Somente no Brasil, ocorreram onze desses eventos no período compreendido entre 1986 e 2022 (Wise, 2024).
As operações da indústria da mineração são categorizadas pelo Ministério do Trabalho como atividade de risco 4, o nível mais elevado de classificação (MTE, 2022). Adicionalmente, as falhas humanas figuram como uma das principais causas de acidentes de trabalho nesse setor. Conforme o Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM), em 2022, o Brasil se posicionou como o segundo país com o maior número de registros de mortes em atividades de mineração.
Em um setor onde os trabalhadores enfrentam constantemente riscos em procedimentos, o acesso rápido a informações precisas é essencial para garantir uma resposta eficaz. Para alcançar esse objetivo, é necessário um planejamento cuidadoso e uma compreensão completa do ambiente operacional.
Antecipar ameaças e gerenciar riscos de forma preventiva são medidas essenciais para garantir a segurança dos trabalhadores na atividade minerária. Além disso, a distribuição eficaz de recursos e o estabelecimento de uma consciência compartilhada entre todas as partes envolvidas são fundamentais para garantir a segurança nas operações.
Diante de diferentes cenários, é essencial adquirir e processar dados de várias fontes para tomadas de decisões precisas e atualizadas. A equipe de Segurança deve, então, desenvolver processos e planos acionáveis para a prevenção e resposta a incidentes. Conforme Freitas e Silva (2019), é necessário prevenir riscos futuros através de ampla força-tarefa de fiscalização, desenvolvendo planos de emergências efetivos, seguros e intersetoriais que contemplem a participação de colaboradores e das comunidades. E é aqui que o GIS se destaca como uma ferramenta indispensável.
O GIS (Sistema de Informação Geográfica) emerge como uma tecnologia capaz de simplificar requisitos de negócios e fluxos de trabalho das operações de segurança. Ao coletar, compreender, operacionalizar e compartilhar informações, é possível embasar a tomada de decisões e proteger os ativos mais sensíveis.
A utilização de GIS em operações de segurança no setor da mineração requer uma estratégia que permita a integração entre a geotecnologia e os procedimentos operacionais. Para tanto, o GIS se entende para além das visualizações, permitindo organizar, analisar e compreender tendências e prioridades de proteção de diversas maneiras. Sua capacidade de capturar, integrar e analisar informações, incluindo dados estruturados e não estruturados, capacita os profissionais de segurança a transformar dados brutos em informações acionáveis.
Nesse sentido, entende-se que em um ambiente complexo do setor minerário, a plataforma GIS suporta a análise e o registro de múltiplos eventos. Ao unificar requisitos operacionais e análises multissetoriais, a geotecnologia fornece acesso direto à equipe de Segurança, permitindo o gerenciamento e compartilhamento eficaz de informações geográficas dentro e fora da organização. Em suma, o GIS desempenha um papel importante no comando e controle, oferecendo uma capacidade única de gerenciar e operacionalizar dados de maneira rápida e ágil.
Fonte:
FREITAS, C. M.; SILVA, M. A. Acidentes de trabalho que se tornam desastres: os casos dos rompimentos em barragens de mineração no Brasil. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, v. 17, nº 1, p. 21-29, 2019. Disponível em: http://rbmt.org.br/details/416/pt-BR/acidentes-de-trabalho-que-se-tornam-desastres–os-casos-dos-rompimentos-em-barragens-de-mineracao-no-brasil. Acesso em: 10 jun. 2024.
Ministério de Minas e Energia. Plano Nacional de Mineração 2030. 2021. Disponível em: https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/secretarias/geologia-mineracao-e-transformacao-mineral/plano-nacional-de-mineracao-2030-1. Acesso em: 10 jun. 2024.
Ministério do Trabalho e Emprego. NR 04 – SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-04-atualizada-2022-2-1.pdf. Acesso em: 10 jun. 2024
PROJECT, Wise Uranium. Chronology of major tailings dam failures. 2024. Disponível em: https://www.wise-uranium.org/mdaf.html. Acesso em: 10 jun. 2024.
Diretrizes para Gerenciamento de Segurança de Processos na Mineração do Brasil. E Book. Organizador, Instituto Brasileiro de Mineração. 1.ed. – Brasília: IBRAM, 2024