Conceito ESG: o brilho e contraste das empresas de Óleo e Gás (parte 1)

Leandro Coutinho

Especialista de Marketing - Óleo & Gás

É público e notório que o termo ESG Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança em português) entrou no vocabulário das empresas de óleo e gás.

Por ser uma indústria por vezes vinculada a desastres naturais e fontes poluidoras, essa nova abordagem busca aproximar consumidores e investidores do foco da indústria, a geração de energia.

Com esse objetivo, processos em toda a cadeia de valor vêm sendo atualizados para formatos cada vez mais responsáveis e sustentáveis.

Desde que o termo ESG foi utilizado pela primeira vez, em 2004, até os dias de hoje, os compromissos relacionados a este tema vêm deixando de ser voluntários e se tornando compromissos obrigatórios. Isso se justifica pelo próprio mercado que vem regulando as empresas onde mais importa: o ganho (ou perda) de valor em função das externalidades produzidas sobre o assunto, o que vem elevando o capital humano, social e ambiental para um nível muito mais próximo do capital econômico.

Essa visão já é real no Brasil: uma pesquisa da PwC indica que 30% dos CEOs do setor de energia têm metas de emissões de gases do efeito estufa (GEE) vinculadas à sua remuneração pessoal.

Em contraste, esse percentual é de apenas 9% no setor de saúde e de 8% na indústria de tecnologia, mídia e telecomunicações.

Mas, qual a melhor forma de garantir processos eficientes sob o âmbito ESG?

Em primeiro lugar, a visão que a companhia tem sobre o tema não é suficiente. É necessário saber o que os consumidores e investidores dessas companhias consideram importante, ou seja, conhecer o que os consumidores pensam dos seus produtos pode ser a alavanca econômica de cada empresa.

61% das companhias de energia adotaram os compromissos Net Zero para “satisfazer às exigências dos investidores” e “atender às expectativas dos consumidores”. 56% já adotaram os mesmos compromissos para “atrair ou manter funcionários”.

Mas, não termina aí. É necessário construir um canal de comunicação bilateral com esse consumidor e investidor, de forma que a companhia conheça de perto os seus interesses e divulgue de forma clara como está atuando a seu favor. Entram em cena, assim, os indicadores de desempenho e os relatórios de sustentabilidade.

A Associação das Distribuidoras de Combustíveis (BrasilCom) acionou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na justiça no Tribunal Superior de Justiça (STJ) por conta do cumprimento compulsório de metas para compra de Créditos de Descarbonização por Biocombustíveis (“CBios”).

Segundo a impetrante, não haveria tempo suficiente para a aquisição de CBios em tempo hábil, pois as metas foram individualizadas por distribuidora, mas a quantidade de CBios disponíveis no mercado não atenderia à demanda.

Padrões internacionais estão disponíveis e são bastante utilizados. Para medição de alinhamento com metas internacionais, temos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Para a divulgação e transparência, existem o GRI (Global Reporting Initiative), o SASB (Sustainability Accounting Standards Board) e o TCFD (Task Force on Climate-related Financial Disclosures). Entretanto, mesmo esses frameworks de trabalho ainda não permitem uma comparação ampla com concorrentes diretos, por exemplo.

O profissional responsável por gerir iniciativas em ESG tem a responsabilidade, além de observar esses framworks de trabalho, precisam construir junto com steakholders indicadores que abordem:

  • O que medir;
  • Como medir;
  • Como monitorar;
  • Qual a melhor estratégia para evoluir, tendo em vista o cenário encontrado.

Apenas dessa forma é possível disponibilizar relatórios que sirvam como diretriz e apoio à gestão como um todo, e não apenas um descritivo de atividades realizadas.

Por fim, a comunicação interna entre departamentos é fundamental nesse aspecto, inclusive para evitar o uso de técnicas de marketing exageradas (referência aqui ao termo Greenwashing) que acabam por criar contraste entre atividades executadas e divulgadas. Veja alguns exemplos:

  • Mostrar o benefício ambiental, mas não explicar o processo;
  • Menções de benefícios ambientais sem provas;
  • Exaltar atividades ambientais responsáveis, mas ocultar consequências potencialmente mais graves;
  • Definições vagas, que podem levar a confusão de interpretação;
  • Destacar uma atividade sustentável que, na verdade, já deve ser cumprida por lei;
  • Destacar apenas uma fração sustentável da cadeia de produção quando o processo integral de produção não é sustentável.

Portanto, para garantir a transparência e facilitar o trânsito de informações entre os diversos departamentos de cada empresa, faz-se necessário vencer grandes obstáculos internos, tais como:

  • Informações guardadas em “silos” não corporativos;
  • Gestão de dados fora de sistemas em planilhas ou relatórios sem padrão reconhecido;
  • Múltiplas taxonomias para os mesmos termos;
  • Dados desestruturados, dentro outros…

Obviamente, essa não é uma tarefa trivial. Por isso, o uso de tecnologia pode fazer toda a diferença. Com o uso correto de tecnologia, é possível garantir:

  • A coleta de informações com integridade, velocidade e quantidade necessários;
  • O monitoramento do fluxo de informações capturadas em tempo hábil e com menor esforço;
  • A compilação dessas informações de forma a torná-las legíveis e de interpretação objetiva;
  • A apresentação dos resultados de forma clara, proporcionando novas visões e identificando riscos.

Pesquisa realizada em 2021 revela que 74% da força de trabalho no Brasil acha muito importante a divulgação do impacto da sua organização no ambiente natural, mas apenas 54% confiam na transparência do empregador. No resto do mundo, 54% acham muito importante a divulgação e apenas 49% confiam na transparência.

74% acham muito importante a abordagem de assuntos de diversidade e inclusão no local de trabalho (53% no mundo). Apenas 60% confiam na transparência do empregador (47% no mundo).

Essa tecnologia já existe em alguns sistemas disponíveis no mercado. No entanto, poucos integram inteligência geográfica. E isso pode ser um problema.

Sem inteligência geográfica, os indicadores construídos e monitorados são visualizados de maneira fria, com menor conexão ao mundo real. Afinal, todos os eventos que causam impactos ambientais, humanos e sociais ocorrem dentro de um contexto geográfico.

A ausência desse contexto remove variáveis críticas das análises e esconde riscos significativos de projeto.

Por exemplo, é inviável implementar ou monitorar um projeto com o objetivo de trazer impacto positivo, seja humano, social ou ambiental sem saber se existirá conflito com outras atividades econômicas da região, sem conhecer as características da população circundante, verificar a proximidade de formações naturais, áreas protegidas, serviços públicos e muito mais. A ausência desse contexto coloca em dúvida, inclusive, a magnitude e significância dos indicadores eleitos.

Corroborando com essa visão, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás – IBP lançou em dezembro de 2021 o caderno de boas práticas de E&P (Reate) e cita: “Visando gerenciar ou evitar esses conflitos, o conhecimento prévio por parte do empreendedor da localização desses espaços no planejamento de suas atividades, facilita a proposição de localização viável para a atividade/empreendimento, atendendo requisitos técnicos, econômicos, legais e ambientais”.

Além disso, a simulação de cenários e aplicação de modelos preditivos de viabilidade, de condições adversas ou mesmo de ações para mitigação de riscos precisam ser feitas considerando essas variáveis.

Como diz a primeira lei da geografia: “Todas as coisas estão relacionadas com todas as outras, mas coisas próximas estão mais relacionadas do que coisas distantes“.

Ou seja, o uso de Sistemas de Informação Geográfica proporciona tomadas de decisão a partir de informação mais confiável e consistente, viabilizando a identificação de riscos mais rapidamente e sustentando a migração da gestão reativa para gestão proativa de riscos.

É nesse cenário que as soluções do Sistema ArcGIS fazem a diferença, pois são capazes de disponibilizar mecanismos para:

  • Integração de informações de forma nativa (sistemas ERP, financeiros, de engenharia, planilhas, dados desestruturados, relatórios e documentos, dentre outros);
  • Captura da realidade e monitoramento em tempo real a partir de múltiplos sensores (drones, satélite, radar, IoT, dentre outros);
  • Captura de observações e inspeções através de formulários inteligentes acessados por dispositivos móveis (online ou offline);
  • Compilação, automação e análise de dados utilizando algoritmos avançados, inteligência artificial ou estatística espacial;
  • Apresentação de indicadores em painéis ou relatórios dinâmicos, disponíveis via intranet ou internet. Consumidos por estações de trabalho ou dispositivos móveis.

Tudo isso pode ser visualizado em um único ponto de acesso. E as ferramentas de análise e consulta dos resultados que acompanham as soluções do Sistema ArcGIS tornam visíveis não apenas riscos globais, mas também riscos regionais e locais, invisíveis em relatórios estáticos tradicionais.

Quer saber mais? Então fique atento ao próximo artigo onde serão detalhadas visões mais práticas, exemplos da aplicação das soluções do Sistema ArcGIS e casos de sucesso com o uso de inteligência geográfica dentro do conceito ESG!

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