O uso do GIS na logística tem transformado a forma como empresas ao redor do mundo movimentam bens, pessoas e ativos.
Em diferentes setores, do agronegócio à indústria de alimentos, a inteligência geográfica ajuda a otimizar rotas, reduzir custos e tornar cadeias de suprimentos mais resilientes.
Intercâmbios rodoviários como redes de distribuição: supply chain e logística
Em uma manhã tranquila nas áreas rurais da Carolina do Norte (EUA), o analista de logística de uma empresa de pecuária e processamento de carne recebeu, às 6h, uma ligação que nenhum gestor de operações gostaria de atender.
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Garantir participaçãoUma falha catastrófica em uma unidade de fabricação na Costa Leste ameaçava comprometer até 15% do suprimento regional de ração animal.
Ao final do mesmo dia, a empresa havia redesenhado toda a cadeia de suprimentos em torno da paralisação — mantendo as entregas de ração no prazo e com custo mínimo.
Como isso foi possível?
A resposta está no uso do sistema de informações geográficas (GIS), que transformou uma crise em um problema administrável.
Esse não é um caso isolado.
Milhares de empresas — de transporte de cargas a serviços de delivery, passando por varejo, redes de restaurantes, empresas de controle de pragas e até agtechs — utilizam análises baseadas em GIS para otimizar rotas e redes de distribuição.
Os ganhos financeiros e de tempo podem ser enormes: uma grande companhia de logística atribui à inteligência geográfica a economia de milhões de dólares por ano em transporte.
Um olhar de dentro da logística: domando redes de distribuição com GIS
Embora as cadeias globais de suprimentos frequentemente ganhem manchetes, o impacto do GIS nas cadeias locais e na logística de última milha ainda é pouco contado.
O WhereNext (revista digital de negócios da Esri) conversou com três profissionais do setor que conseguiram reduzir ineficiências e garantir a entrega pontual de bens e serviços graças ao uso de tecnologia de localização.
Se o roteamento fosse apenas encontrar o caminho mais rápido entre dois pontos, qualquer planejador faria isso com um mapa simples.
Mas, na prática, o desafio envolve inúmeras variáveis:
- janelas de entrega,
- perecibilidade de produtos,
- turnos de trabalho,
- disponibilidade de ativos,
- capacidade de armazéns,
- e ainda eventos inesperados, como fechamentos de estradas, pandemias e desastres naturais.
Coordenar frotas inteiras ou milhares de trabalhadores móveis exige algoritmos sofisticados, como os solucionadores de rotas do GIS, capazes de gerar trajetos rápidos e eficientes a partir de dezenas de variáveis.
Além das rotas, o GIS também apoia o planejamento da rede de distribuição. A análise espacial permite, por exemplo, que transportadoras escolham locais ideais para docas de carga, minimizando o peso total movimentado entre armazéns e fábricas.
Quando as cadeias de suprimentos falham, os analistas de GIS entram em ação
O analista da Carolina do Norte raramente enfrenta emergências às 6h, mas é frequentemente acionado quando líderes percebem falhas de eficiência ou desvios nos KPIs.
Antes da introdução do GIS, motoristas percorriam até 1.200 milhas de estradas privadas com base apenas em memória e boca a boca.
Hoje, aplicativos de roteamento calculam caminhos eficientes entre 25 mil destinos.
Em 2020, um projeto de reconfiguração de rotas entre fazendas e unidades de processamento recebeu um prêmio interno.
A otimização economizou mais de 50 mil galões de diesel e reduziu as emissões associadas em 18%.
Mais recentemente, as mesmas ferramentas ajudaram a organizar o transporte de ração entre oito moinhos e mais de 1.600 fazendas, considerando a formulação de diferentes rações, níveis de produção de grãos e preços regionais.
Usando mapas inteligentes para equilibrar serviço e mão de obra
Nem sempre o objetivo é o caminho mais rápido na logística.
Para empresas como prestadoras de serviços de varrição de ruas, a otimização envolve eficiência em rotas pré-determinadas: como varrer ambos os lados de uma avenida da forma mais ágil ou como distribuir áreas de trabalho entre motoristas de acordo com regulamentações de jornada.
Com 10 mil clientes, o gestor de GIS dessa empresa usa mapas inteligentes para definir zonas de atendimento claras.
Isso garante cobertura, reduz deslocamentos e permite flexibilidade: um motorista de Atlanta pode ser realocado para o Texas e ainda assim seguir rotas e padrões já estabelecidos pelo sistema.
Planejamento de rede: a base da eficiência logística
Se depósitos e centros de distribuição não estão estrategicamente posicionados, a empresa perde tempo e dinheiro que nem o melhor algoritmo pode compensar.
Um cientista de dados de uma rede de fast-food lembra que, antes do GIS, avaliar a capacidade de uma rede em crescimento levava semanas.
Hoje, a mesma análise é feita em menos de dez minutos, projetando até 10 anos de cenários futuros.
Com cerca de 20 centros de distribuição que atendem a 7 mil lojas, o GIS permite simular abertura de novas unidades, prever capacidade e comparar custos.
Além disso, a disponibilização dessas análises em modo self-service empodera equipes e libera tempo para atividades estratégicas.
Impactos reais na estrada
Para sentir o impacto direto, o analista da empresa de processamento de carne costuma acompanhar motoristas em campo.
Ao percorrer estradas rurais antes registradas apenas em fichários de anotações, ele vê como as rotas otimizadas economizam horas de trabalho.
“Você pode estar no meio do nada. Com nossas ferramentas, basta digitar a instalação e o sistema gera direções adicionais de até quatro milhas. Ver isso na prática faz toda a diferença”, conta.
GIS e logística: união fundamental para otimizar redes complexas
Do transporte de cargas e alimentos até serviços urbanos, o GIS mostra-se fundamental para transformar redes complexas em sistemas mais eficientes, econômicos e resilientes.
Para empresas brasileiras — especialmente em setores como agronegócio, logística urbana, transporte e energia —, essa tecnologia já não é mais opcional, mas estratégica.
O artigo mostra que a aplicação do GIS na logística vai muito além de mapas.
Trata-se de uma ferramenta estratégica para reduzir custos, otimizar rotas e tornar o supply chain mais eficiente.
Artigo adaptado de Cindy Elliott e Agata Miszczyk da Esri.