GIS no Saneamento

Nagip Abrahão

GIS Manager - Diretoria Metropolitana da Sabesp

A evolução e introdução do GIS no Saneamento nas últimas décadas

Os anos 90 foram a década em que se começou a falar de GIS no saneamento no Brasil, ainda de forma muito incipiente e com algumas iniciativas tímidas.

Foram anos complicados para o setor: uma vez falido o modelo do PLANASA, ainda na década anterior, e em não havendo um modelo substituto (e ainda levaria tempo para se tê-lo), o cenário era de muitas incertezas, com crise econômica, quase hiperinflação, ameaças de privatização (em modelos ainda precários), pouco investimento dos órgãos públicos no setor, crise cambial, entre outros fatores que montaram um cenário muito pouco recomendável para investimentos em modernização e melhoria de eficiência operacional, de modo que a década terminou com poucos avanços na utilização do GIS.


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Mas ao final dessa década já se podia vislumbrar uma popularização das geotecnologias. Os softwares GIS não precisavam mais necessariamente de pesadas workstations para rodar. O satélite Ikonos foi lançado em 1999, quebrando o monopólio tecnológico da aerofotogrametria em imageamento de alta resolução. A internet, que havia começado comercialmente no Brasil em 1995, trazia cada vez mais novidades. Tudo isso contribuía para que na década seguinte o GIS começasse a entrar de vez nas operadoras brasileiras.

 

O que mudou do ano 2000 para cá?

 

Hoje, 17 anos depois, tanto o setor de saneamento quanto o de geotecnologias, evoluíram bastante. Vários tópicos que eram problemas complexos, caros e de difícil enfrentamento em uma implantação de projeto em 2000, hoje não fazem mais sentido como tal.

A escolha do software era sem dúvida a principal preocupação em um projeto de implantação naquela época. Havia pouco conhecimento no mercado, quase nenhuma referência de benchmarking em saneamento, soluções muito caras e com pouca modularização. O receio por uma “má escolha” era grande, o que acabava por produzir infindáveis “pilotos” e “provas de conceito” nem sempre conclusivos.

Hoje o cenário é bem diferente. A indústria de software de GIS evoluiu bastante. Com isso, a decisão da escolha do software perdeu o seu caráter crítico e decisivo, se equiparando às demais escolhas que um projeto requer. Em outras palavras, a evolução fez diminuir o “medo de errar”.

 

As principais evoluções

 

Hardware

 

Em hardware, a grande novidade é a sua transformação em commodity. Não são mais necessários projetos específicos de servidores, com arquitetura diferenciada – com a virtualização, eles passaram a usar os mesmos servidores das demais aplicações da empresa. E com a cloud-computing, eles nem precisam mais sequer existir na empresa – podem ser alocados “na nuvem”, com o dimensionamento necessário, podendo ser aumentado na medida das necessidades e sem que a empresa precise de instalações ou pessoal especializado para geri-lo. E a custos mais baixos.

Mapeamento

Em mapeamento, talvez tenhamos o avanço mais significativo. A carência de mapas digitais (e mesmo analógicos, em grande parte) era quase total, o que era condição impeditiva para muitos projetos de GIS em saneamento. Produzir seu próprio mapa era uma opção demasiadamente cara e para poucos. Hoje são diversos os serviços de mapas na Internet. Imagens de satélite podem ser adquiridas como serviço, sem necessidade de dispor de terabytes de armazenamento. Governos estaduais e municipais já possuem importantes iniciativas de mapeamento em seus geoportais e mais recentemente nas suas Infraestruturas de Dados Espaciais – IDE’s.

Internet

A Internet, que no início da década de 2000 ainda engatinhava em suas aplicações de conteúdo geográfico, ganhou o posto de grande provedora de conteúdo e de aplicações de geoinformação, disseminando informações via web services à uma infinidade de aplicações sem que o usuário final sequer suspeite que está usando um GIS.

Aplicações

Nas aplicações o salto foi gigantesco. As operadoras de saneamento, já dispõem de suítes específicas para seu negócio, utilizando o GIS na gestão de ativos, engenharia de operação de água e esgoto, modelagem hidráulica, gestão de perdas e de qualidade da água. Todos os anos os congressos de saneamento no Brasil trazem inúmeros trabalhos, profissionais e acadêmicos, onde o GIS esteve presente como ferramenta de análise.

 

A conclusão é de que o GIS no Saneamento não deixou a dever em relação aos outros setores que ele suporta, em matéria de evolução

 

gis no saneamento - guia prático

Isso deveria ser traduzido em projetos de implantação mais atualizados e adequados aos tempos atuais, mas, infelizmente, ainda se veem muitos editais e termos de referência com linguagem do início da década, com preocupações que não fazem mais sentido, pouco preocupados em agregar valor ao negócio e em fazer uso das inúmeras vantagens disponíveis. Também vemos TI’s que o tratam como um simples “sistema”, quando não um sistema “qualquer”, não percebendo seu caráter integrador ao negócio e ao backoffice. A conclusão é que nas operadoras brasileiras, o GIS cresce em utilização de forma inexorável sem dúvida, mas ainda menos rápido do que deveria e poderia.


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