Muitos provedores de serviços da Internet ignoraram clientes potenciais em locais de todo o mundo, contribuindo para uma divisão digital com importantes consequências econômicas. Um provedor inovador da Itália está usando a tecnologia para superar a divisão.
Se você perguntar a quem mora em grandes cidades quem está do lado errado da divisão digital, a resposta provavelmente será uma combinação de pessoas que moram em áreas rurais e coisas similares.
Essa afirmação não está incorreta, mas também não está completa. Em oito das maiores economias, incluindo Estados Unidos, Índia, China e Japão, 24% das pessoas que moram em cidades não estão conectadas à Internet.
A divisão digital transcorre grandes e pequenas cidades, mantendo bilhões de pessoas distantes de uma fonte vital de informações, conhecimento e oportunidade econômica.
O custo é substancial. Pessoas sem acesso constante à Internet têm mais dificuldade em encontrar empregos, desenvolver novas habilidades e melhorar sua situação econômica, de acordo com um relatório do Federal Reserve Bank de Saint Louis, nos EUA.
Uma economia europeia ajuda a expor as raízes do problema e mostra o que se pode fazer para solucioná-lo.
Examinando a divisão digital na Itália
De certa forma, a Itália é um paradigma da economia mundial: um país que está passando por uma longa transformação de sociedade agrária para economia de conhecimento. A transformação fez com que grande parte da população se mudasse para as cidades, criando um fenômeno de urbanização comum em nações desenvolvidas. Hoje apenas 30% dos moradores da Itália vivem em áreas rurais. Em 1960, eram 66%.
Em todo o país, 6 em cada 10 italianos estão conectados à Internet, uma taxa baixa para uma economia desenvolvida. Para comparação, a taxa é de 76% nos Estados Unidos, 91% no Japão e 95% no Reino Unido.
Em parte, a divisão digital da Itália é o resultado de barreiras geográficas e econômicas que poucos provedores de serviços da Internet têm disposição ou capacidade de superar. Nas montanhas, morros e vales do país, não é economicamente viável instalar a fiação de fibra óptica que poderia entregar conexão digital de banda larga a cada residência.
Mas onde outras empresas viram pequenos conjuntos de residências e um mar de desafios técnicos, um provedor de serviços da Internet viu uma oportunidade de negócios combinada à benfeitoria social. A empresa usou a Location Intelligence para enxergar além das barreiras que mantiveram outros provedores longe do mercado.
Indo contra as tendências
Muitos analistas dizem que as pessoas estão se mudando inevitavelmente para as cidades. Mas uma minoria acredita no instinto humano de reverter tendências. Por exemplo: Enquanto algumas empresas investem milhões em prédios comerciais no centro das cidades, outras arrendam espaços de coworking em shoppings suburbanos.
No livro Our Towns, James e Deborah Fallows mostram casos de jovens profissionais que foram atraídos pela vida fora da cidade grande. Enquanto isso, uma pesquisa recente com pessoas da geração do milênio constatou que 55% delas consideram cidades de pequeno ou médio porte “bastante” ou “muito” atraentes.
Com a ajuda da Location Intelligence, empresas como a EOLO estão enxergando além das manchetes e prestando serviços às pessoas que não se prendem às previsões dos analistas.
Descobrindo oportunidades nunca antes vistas
“É fácil cobrir uma grande cidade com fibra. É muito difícil cobrir os municípios na Itália. Mas nós sabemos que as pessoas estão nas pequenas cidades. Então para uma meta social, é importante ter uma solução.”
– diz Daniela Daverio, CFO do EOLO
A solução da EOLO é oferecer uma conexão wi-fi. Desde 1996, no norte do país, a empresa começou a instalar estações de base, geralmente em regiões montanhosas, que transmitiam o acesso em banda larga a residências dentro da sua linha de visão.
O serviço w-fi não atinge a mesma velocidade das conexões de Internet com cabos (o máximo é de cerca de 100MB por segundo), mas permite assistir vídeos e outros serviços que se espera de uma conexão moderna.
A EOLO tem cerca de 400 mil clientes. Um quarto deles se inscreveram no último ano, e a estimativa é de mais 150 mil neste ano. Coletivamente, são uma prova da força igualitária e poder econômico da Internet. Entre eles estão:
Vinícolas familiares que vendem vinho pela Internet;
Os 32 habitantes da menor cidade da Itália, que agora estão conectados ao Wi-Fi público e a estações de carregamento para veículos elétricos;
O operador de um chalé nos Alpes, a cinco dias de distância a pé do supermercado mais próximo, que agora aceita reservas on-line para almoço e jantar;
Um instrutor de voo rural que armazena dados importantes dos clientes na nuvem.
Mas, como disse Daverio, superar a divisão digital e alcançar esses clientes não foi fácil. Para isso, os Executivos da EOLO usaram tecnologia para ver o que os outros não conseguem.
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KPIs iluminam mapas inteligentes
A maior concentração de clientes da EOLO está no norte da Itália, mas, na última década, a empresa expandiu o atendimento para a região central do país. Nesta primavera, a companhia ativou estações de base no sul italiano e passou a atender a Campânia, a Sardenha e a Sicília.
Cada cidade que a EOLO acrescenta ao seu território representa um importante investimento de capital, e os executivos tomam essas decisões com a ajuda de mapas inteligentes. Cada mapa é criado por um moderno Sistema de Informações Geográficas (GIS), que ajuda os executivos a ver claramente os desafios técnicos e comerciais diante deles.
“No planejamento estratégico, é muito importante saber como investir em um território para ter retorno sobre o investimento. Nós usamos o GIS para conhecer o território promissor, para conhecer o crescimento de possíveis clientes no território e poder calcular o lucro e a perda de cada área. É muito fácil tomar as decisões estratégicas com os KPIs que eu tenho.”
– disse Daverio ao WhereNext.
Esses KPIs sobre investimentos e desempenho de rede aparecem como camadas no mapa inteligente criado por Riccardo Armellini e seus colegas, membros da equipe de planejamento estratégico da EOLO. O GIS, diz ele, proporcionou uma visão mais clara aos responsáveis pelas decisões.
“Acho que eles conseguem ver coisas que não viam antes. É outro ponto de vista para fundamentar decisões melhores.”
– diz Armellini.
A primeira camada de dados que Daverio e seus colegas analisam mostra o número de clientes potenciais em uma cidade. Os dados vêm diretamente do site da empresa, no qual moradores informam seu endereço para ver se a EOLO atende aquela área. Essas solicitações aparecem como grupos de pontos no mapa inteligente.
Para aprofundar a análise, Armellini e a equipe de GIS adicionam outros níveis de Location Intelligence, incluindo o número de famílias que vivem na área e o número de negócios que atuam lá. Essas informações mostram o contexto da demanda, revelando se há interesse suficiente para que o investimento da EOLO tenha retorno.
Mas a avaliação de mercado não é concluída até que os engenheiros deem sua participação.
“Com o GIS, podemos ver todos os KPIs que são importantes para conhecer o negócio e a tendência de pedidos de clientes. É importante fazer essa análise.”
– Daniela Daverio, EOLO.
Medindo a terra
A etapa seguinte para a EOLO é a análise de viabilidade, que determina se seu serviço sem fio funcionará no local em questão.
Imagine uma cidade italiana com cerca de mil pessoas. O mapa inteligente criado com o GIS mostra que uma porcentagem significativa de moradores tem interesse no serviço de banda larga. Agora os engenheiros da EOLO precisam decidir onde colocar uma estação de base a fim de ter linha de visão para o maior número possível de residências.
Eles usam o GIS para analisar os dados morfológicos da cidade, ou seja, a inclinação exata, a ondulação e a elevação do terreno em relação à posição das residências. Dessa forma, o GIS ajuda os planejadores técnicos a elaborar um mapa de cobertura, que identifica quais prédios podem receber o acesso à Internet.
Mas não se trata apenas de uma iniciativa técnica, mas sim de um exercício de negócios que afeta o ROI.
“Nós mostramos à divisão técnica algumas informações comerciais. Se os engenheiros souberem exatamente onde está o potencial, poderão projetar as estações de base e a cobertura para a área certa exata. Location Intelligence nos ajuda a ser mais eficiente no nosso desenvolvimento de rede nos lugares certos e cobrir as áreas necessárias e expandir nosso mercado.”
– Riccardo Armellini, EOLO.
A busca por KPIs para impulsionar o negócio
Conforme as cidades aumentam seu acesso à Internet, os executivos da EOLO monitoram sua situação por meio do mapa inteligente, avaliando KPIs como ativações de serviço, taxa de rotatividade de clientes, fatia de mercado, além de qualidade e congestionamento da rede.
“É muito fácil usar o mapa, porque é possível ativar um único KPI ou desativar diferentes KPIs ao mesmo tempo.”
– Daniela Daverio, EOLO.
Com essa forma de Location Intelligence, os responsáveis pelas decisões podem ver a situação das redes da EOLO, bem como as oportunidades de mercado.
Para Armellini, não usar o GIS é como jogar dados, você não sabe aonde ir e nem por que ir para lá.
“Acho que a coisa mais importante é usar esta ferramenta para ir diretamente à área correta, aos investimentos corretos. Por exemplo, no sul da Itália, existem muitos registros. Sei que é um território em que podemos ter muito sucesso com nossas soluções.”
– Daniela Daverio, EOLO.
Para Simone e Miriam, vinicultores do norte da Itália e clientes da EOLO, os frutos conquistados ao superar a divisão digital são claros. A Internet, dizem eles, abriu muitos novos mercados. Agora eles vendem 10 mil garrafas de vinho online e transmitem a colheita da uva ao vivo pelo Facebook.
É uma história semelhante à da EOLO. Com a orientação de mapas inteligentes, a EOLO descobriu novos mercados em locais ignorados, levando mais cidadãos a superar a divisão digital.
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