O paradoxo da privacidade

Diogo Reis - Especialista em Indústrias - Imagem Esri - Autor Portal GEO

Diogo Reis

Especialista em Indústrias - Imagem/Esri

Como as empresas ganham confiança do consumidor no compartilhamento de dados

 

Os dados de localização são uma forma de moeda para os consumidores e para as empresas ansiosas para se conectar com eles. Um estudo global revela como essa moeda está sendo ganha e gasta, mantendo e respeitando a privacidade dos dados dos consumidores.

As atitudes dos consumidores em relação ao compartilhamento de dados são um paradoxo, de acordo com um estudo recente que contém insights importantes para executivos de negócios que moldam estratégias orientadas por dados.

Em uma pesquisa com mais de 10.000 entrevistados em 10 países, a HERE Technologies descobriu que os consumidores estão mais ansiosos do que nunca com possíveis abusos de dados, com 53% relatando preocupação com o compartilhamento digital de informações pessoais, um aumento de dois pontos em relação a 2018.

No entanto, mais de dois terços dos consumidores, ou 70%, sinalizou uma crescente disposição de compartilhar dados de localização, uma métrica que cresceu em todos os países pesquisados, exceto na Alemanha. A abertura ao compartilhamento é mais comum em serviços relacionados à mobilidade, como aplicativos de compartilhamento de viagem, carros conectados e plataformas de mapeamento.

Uma análise detalhada das descobertas do estudo revela um caminho à frente bem claro para as organizações que empregam inteligência de negócios e de localização para apoiar a tomada de decisão: essas empresas têm uma capacidade muito maior de acessar e derivar valor dos dados quando são transparentes, confiáveis e demonstram o benefício para o consumidor.

Como a utilidade dos dados de localização na busca e conquista de novos mercados está bem estabelecida, as empresas de varejo, seguros, bancos e outros setores têm muito a ganhar, mas devem tranquilizar os clientes quanto a como seus dados são usados.

Os dados de localização nunca foram tão importantes… ou tão delicados

 

A privacidade de dados tem sido uma das principais preocupações nos últimos anos. Um relatório de cibersegurança descobriu que, apenas nos primeiros seis meses de 2019, mais de 3.800 violações expuseram o acesso a mais de 4,1 bilhões de registros. Violações maciças de dados, como as contas de usuário hackeadas do Yahoo e o sistema de reservas comprometido do Marriott, continuam a ganhar as manchetes.

Enquanto isso, novos regimes regulamentares, como o Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia e a Lei de Privacidade do Consumidor da Califórnia, tornaram a privacidade de dados uma questão política. Em geral, os consumidores estão simplesmente mais conscientes de como seus dados são cobiçados e 48% deles concordam que seus dados são valiosos para muitos coletores de dados, de acordo com o estudo da HERE.

Esses fatos levaram as empresas a abordar com mais cuidado a comunicação e a transparência em relação ao uso de dados de localização dos consumidores. Ao mesmo tempo, a velocidade da economia da informação fez da inteligência de localização uma peça fundamental do planejamento de mercado e da vantagem competitiva. Como observado em um artigo da Forbes sobre esse tema, “o McKinsey Global Institute indica que as organizações orientadas por dados têm uma probabilidade 23 vezes maior de conseguir clientes, seis vezes maior de retê-los e 19 vezes maior de serem rentáveis em resultado disso”.

Dados de localização (recolhidos a partir de smartphones, redes sociais, dispositivos equipados com IoT, como monitoradores de condicionamento físico, e até de aplicativos de namoro) podem ser imensamente benéficos para as empresas que planejam estratégias de crescimento. Traçando tendências de movimento em mapas ao longo do tempo, os executivos podem criar inteligência de localização que revela onde certos grupos de consumidores estão agora e, mais significativamente, onde eles provavelmente estarão no futuro.


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Myles Sutherland, fundador da empresa de consultoria One Degree North, tem um termo para essas massas em movimento de pontos de dados de localização: clima humano. “Imagine ser capaz de rastrear os padrões e o impacto da atividade humana como um meteorologista acompanha as frentes meteorológicas”, escreveu o estrategista de desenvolvimento de negócios Jim Young em um artigo sobre o tema.

Esse tipo de insight é inestimável para um varejista que avalia o tráfego a pé e de carro perto de novos locais em potencial, para uma rede de restaurantes que determina se deve acrescentar um novo cardápio no fim da noite ou para um corretor imobiliário que pensa em adquirir prédios no próximo bairro da moda. As formas poderosas em que as empresas podem aproveitar esses tipos de dados ressaltam por que as organizações devem garantir aos consumidores que suas informações não serão mal utilizadas.

Como as atitudes em relação ao uso de dados estão mudando

 

As tendências no compartilhamento de dados variam de acordo com a região, um fato notável para empresas com presença internacional. O estudo da HERE descobriu que o compartilhamento de dados foi maior na China, com 90% dispostos a compartilhá-los, seguida pela Índia, Brasil e Reino Unido. Os Estados Unidos, onde se originaram muitos aplicativos de compartilhamento de dados, na verdade ficou no meio do caminho: 71% concordaram em compartilhar dados de localização. Japão, Alemanha e França relataram os níveis mais baixos de confiança e frequência no compartilhamento de dados. O maior aumento na frequência de compartilhamento ocorreu no Brasil, com um aumento de sete pontos em relação a 2018.

Ainda assim, de acordo com o estudo, apesar das reservas dos consumidores, a abertura para o compartilhamento de dados de localização geralmente é bastante comum. Essa disposição aumentou muito quando fazê-lo foi visto como necessário ou em benefício do consumidor: 75% dos entrevistados estavam mais inclinados a compartilhar dados de localização quando isso contribuía para sua segurança. Ativação de serviços, economia de tempo ou dinheiro, recompensas financeiras ou maior conveniência estavam entre as outras principais motivações que aumentaram a tolerância dos consumidores à abertura dos seus dados.

Não é de surpreender que 6 em cada 10 consumidores estavam mais propensos a compartilhar dados quando o coletor era bem conhecido. E 79% relataram que seria provável ou muito provável que permitissem acesso aos seus dados para serviços de navegação ou mapeamento. Isso ajuda a explicar por que os serviços de transporte público e de corrida por aplicativo tiveram os maiores ganhos na confiança do consumidor.

O mesmo aconteceu com os fabricantes de automóveis, o que fica evidente pelo fato de que mais consumidores conectam seus telefones aos seus veículos. Nesses casos, o consumidor viu um valor claro no compartilhamento de dados, e o coletor era uma marca ou empresa estabelecida com uma reputação que aliviou as preocupações com a privacidade.

Para os executivos de negócios, essas descobertas sinalizam um plano para a criação de um entendimento de compartilhamento de dados com os consumidores. Os líderes devem gerar confiança ao enfatizar a transparência e mostrar como os dados de localização serão usados em benefício, tanto do consumidor como da empresa. Dessa forma, eles poderão usar esses dados para acelerar o crescimento e trazer clientes importantes com eles.

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Como enunciou Clive Humby: “dados são o novo petróleo”. E seguindo a metáfora, quando vazados, este vazamento também causa danos irreparáveis. A LPDP ao mesmo tempo que nos protege, como usuários, também fomentam a inovação, com a obtenção destes dados de forma apropriada. Parabéns pelo artigo.

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