A batalha por dados precisos e as pandemias

Diogo Rosanelli - Portal GEO

Diogo Rosanelli

Desenvolvedor Fullstack - Imagem Esri

Estamos passando pela maior crise pandêmica mundial desde a gripe espanhola em 1918, que teve um impacto devastador e durante 2 anos infectou cerca de 500 milhões de pessoas (um terço da população mundial da época) e matou entre 25 a 50 milhões entre 20 e 40 anos.

A batalha por dados precisos e as pandemias

Acampamento militar americano de casos de gripe em Aix-Les-Bains, França, durante a Primeira Guerra.

E no começo deste ano, fomos surpreendidos com um surto de gripe causada pelo novo coronavírus (COVID-19), e em janeiro levou a OMS a declarar nível de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional.

Estas crises pandêmicas foram importantes para valorização dos sistemas de saúde pelos países, mas ainda existem algumas atividades que realizamos de forma arcaica e que poderiam nos trazer maior agilidade no processo de cadastro, análise e divulgação dos dados.

No inverno no hemisfério sul, época onde as regiões sudeste e sul do Brasil têm altos índices de SRAG, causados pelas diversas doenças respiratórias (asma, rinite, sinusite, bronquite, tuberculose, pneumonia, …) potencializadas nesta época do ano devido ao clima.

Ao se somar os casos de SRAG com os casos de COVID-19, as instituições de saúde precisarão ser ágeis no processo de registro e análise das informações de casos, para fornecer uma visão ampla, permitindo que os governantes possam tomar as devidas providências evitando o aumento no número de casos e óbitos, mantendo sempre o foco em salvar vidas!

Neste artigo mostrarei como podemos aprimorar algumas atividades de nosso SUS, para resolvermos um problema crítico no Brasil, potencializado com a pandemia, a questão da falta, atraso ou distorções nos dados estatísticos divulgados para os casos de coronavírus e que também ocorrem para grande todo tipo de atendimento realizado nas unidades de saúde pelo país.

Cerca de 100 anos após a gripe espanhola, ainda executamos no Brasil e em outros países pelo mundo, algumas atividades de forma arcaica.

Um exemplo são as fichas de cadastro de pacientes nos hospitais, que ainda é feita em papel. Consultando o portal do coronavírus na Plataforma IVIS (Plataforma Integrada de Vigilância em Saúde), temos acesso aos dados abertos relacionados a Síndrome Respiratória Aguda Grave ou SRAG como tem sido popularmente conhecida. Nas informações compartilhadas, temos acesso as fichas utilizadas nos hospitais para registro de pacientes com casos de SRAG e que hospitalizados ou que vieram a óbito.

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Ficha de registro de pacientes/óbitos por SRAG nos hospitais.

Temos hoje no Brasil 315 mil estabelecimentos de saúde ativos, sendo 221 mil privados, 86 mil públicos e 7 mil sem fins lucrativos e a grande parte das instituições está localizada na região sul e sudeste do país.

Abaixo, vemos os números para cada região e a visão de como é a distribuição destas unidades pelo país (aqui só é exibida uma visão de distribuição dentro do Estado, não representando a localização real da entidade).

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Volume de entidades de saúde ativas e desativadas pelo país.

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Visão de distribuição das Entidades de Saúde ativas pelo país, dando a ideia do volume por Estado.

Chegamos a perguntas importantes:

 

  • Como coletar e analisar rapidamente os dados de todas estas unidades de saúde?

  • Como saber se uma doença está se espalhando pelo país e quais regiões mais críticas?

  • Como ser transparente com a população divulgando frequentemente dados reais?

Com estes desafios em mãos, e analisando o cenário de transformação digital que vivemos já há algum tempo no mundo, temos que pensar em informatizar e integrar cada vez mais os processos sejam eles em instituições governamentais ou privadas.

Vivemos em uma época em que dados são gerados aos milhões a cada segundo e nossa vida está cada dia mais digital. Fazemos praticamente todas transações bancárias, pedimos comida, remédios, acessamos filmes, ouvimos as músicas mais recentes através de aplicativos e dispositivos móveis. Todo este movimento aproximou muito as pessoas e potencializou a geração de dados, e hoje você pode interagir rapidamente com uma pessoa do outro lado do mundo.

O conhecimento não está mais centralizado em pequenos locais, ele é global e você pode acessá-lo rapidamente

 

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Visão macro da estrutura do Ministério da Saúde.

Para solucionar estes problemas de integração entre os diversos atores neste sistema complexo do ministério e empoderar mais os usuários de cada ponta, o GIS entra como uma forte solução a se aplicar para orquestrar componentes na organização, focado em 4 pilares:

  1. Sistema de engajamento: toda ferramenta ou solução que afeta diretamente a vida das pessoas envolvidas em todo o processo de negócio.

  2. Sistema de automação: soluções que fornecem a capacidade de integrar o GIS a sistemas ou processos no mundo real dos usuários.

  3. Sistema de registro: ferramentas que fornecem o suporte operacional para que os processos de negócio sejam operacionalizados.

  4. Sistema de insights: ferramentas que lhe fornecem capacidade de análise de dados apoiando o processo decisório dos usuários.

Com estes 4 pilares como sustentação, pode-se então estruturar a arquitetura de sua solução GIS com ferramentas que darão todo o apoio a atuar na integração de todas as pontas envolvidas na hierarquia do Ministério da Saúde. Neste artigo não entrarei em detalhes no processo de dimensionamento de arquitetura e quais sistemas devem compor esta solução, mas deixe nos comentários se você tem interesse sobre este tema que posso preparar outro artigo focado neste assunto.

Considerando que a arquitetura básica contemplará as ferramentas de uma Nuvem Geoespacial, teremos acesso as funcionalidades necessárias para suportar a estruturação de um processo de negócio para coleta de dados e apresentação de resultados, em tempo real, através de painéis de indicadores.

Começando o processo de transformação digital na área de saúde, podemos converter o formulário de registro para o formato digital, para que possa ser preenchido considerando algumas regras de validação de dados, e para que suas respostas estejam disponíveis para as equipes médicas e administrativas do ministério permitindo um monitoramento mais dinâmico dos casos.

Para isto, vamos utilizar o Survey123, uma ferramenta da plataforma Esri que nos permite criar formulários de forma dinâmica e produtiva.

Você tem duas formas de se criar o formulário, utilizando o Survey WEB ou o Survey Connect. O primeiro é uma ótima opção para quem deseja criar o formulário de forma mais visual, clicando e arrastando os componentes que farão parte de sua pesquisa e estruturando.


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Confira os passos necessários para criar sua primeira pesquisa:

 

  1. Acesse o Survey123 via sua conta no Portal for ArcGIS ou ArcGIS Online.

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  2. Na tela principal, clique no botão CRIAR UMA NOVA PESQUISA.

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  3. Neste momento você poderá escolher se prefere utilizar o formulário WEB ou o Survey Connect.

    Para realizar a escolha tudo dependerá do tipo de formulário que você pretende criar, quanto mais complexo for e mais regras tiver, se recomenda a utilização do Connect, caso contrário você pode utilizar a versão WEB. Aqui vou demonstrar o processo de criação de um formulário utilizando a versão WEB, e o processo de criação da pesquisa também via Connect.

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  4. Após escolher a versão WEB clicando no menu INICIAR, informe os dados de identificação de sua pesquisa e clique em CRIAR. Você terá então acesso ao formulário de criação de sua pesquisa.

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  5. Você pode então começar a criar seu formulário, incluindo as informações que deseja coletar dos usuários. Atente-se para as regras em cada campo e no tipo de dado que seu formulário necessita que seja coletado. Abaixo você pode ver uma versão inicial do processo de criação do formulário.

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    Para ter acesso a mais recursos no processo de edição, você poderá então migrar para o Survey Connect. Salve sua pesquisa, e ao abrir o App você deve se autenticar com a mesma conta e portal utilizados nos passos anteriores. Você poderá então acessar a opção NOVA PESQUISA, depois na tela de criação, pode buscar em MINHAS PESQUISAS o formulário criado a partir da aplicação WEB.

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Todo o processo de criação do formulário é realizado via planilha XLS, onde você determina toda configuração de cada campo. É através das propriedades atribuídas nesta planilha que o formulário é criado e quando publicado disponibilizado para preenchimento.

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Ao finalizar a criação do formulário você pode publicá-lo para que os usuários possam realizar o preenchimento. Existe uma série de configurações que podem ser realizadas, validação de dados, criação de lista de valores padrão, checagem de texto informado, máscara de preenchimento, dentre outras.

Comece a se aventurar neste mundo das pesquisas digitais!

 

Crie seu primeiro formulário e aprenda como esta ferramenta pode deixar seu processo de trabalho mais simples, além de fornecer a capacidade de acesso às informações coletadas em tempo real, agilizando o processo de tomada de decisão.

No próximo artigo, apresentarei a ficha de referência completamente convertida para o Survey123, bem como o processo de criação de um painel de indicadores para monitoramento dos dados coletados.

Não deixe de conferir nas referências alguns guias que poderão fornecer mais detalhes sobre como criar um formulário inteligente de forma rápida tornando sua coleta de dados mais produtiva.


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Excelente. É impressionante que nada escapa do geoprocessamento. Podemos espacializar todo o tipo de informação.

Perfeito, a espacialização de dados tem de crescer e ajudar a saúde. Parabéns pelo post.

Last edited 3 anos atrás by José Teixeira Junior

Excelente, Diogo! Sistematizar, analizar, compartilhar… Grande abraço,

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