Micromobilidade: 3 fatores para transformar a tendência em realidade

Carlos Eduardo Toledo

Advanced Analytics

Pesquisa da McKinsey & Company indica que consumidores têm interesse na Micromobilidade, mas considero que adesão está mais relacionada à necessidade de mudança do que ao simples desejo.

Acompanho conteúdos diversos, em especial sobre tecnologia, economia, política e quadrinhos. Em uma de minhas buscas mais recentes, me deparei com um artigo da McKinsey & Company: Why micromobility is here to stay , ou “porque a micromobilidade chegou para ficar”, traduzido livremente para o português.

O texto contextualiza dados de uma pesquisa realizada pela McKinsey e sugere que consumidores estão abertos para soluções de micromobilidade, com a ressalva de que a adesão deve variar de acordo com características e hábitos da população de cada país.

O que se entende por micromobilidade?

Segundo o dicionário Merriam-Webster, micromobilidade é o transporte sobre distâncias curtas usando veículos leves e que usualmente transportam apenas uma pessoa como bicicletas e scooters. Nesta definição, a palavra scooter me causou uma certa confusão, pois pode se referir tanto a um ciclomotor quanto a um patinete (scooter ou kickscooter).

Os conceitos “leve” e “distância curta” me levaram a novas pesquisas em busca de definições mais precisas. No site do Institute for Transportation & Development Policy (ITDP) cheguei às seguintes:

  • Veículos leves: veículos movidos por força humana ou motor elétrico, particular ou compartilhado, atingindo velocidades baixas (máxima de 25km/h) ou, em alguns casos, velocidades moderadas (máxima de 45km/h). Podem ser: patinetes, skates, bicicletas, bicicletas de carga e rickshaws. Não podem ser movidos por motores de combustão ou passar de 45km/h.
  • Distâncias curtas: percursos menores do que 10 quilômetros, considerando que distâncias em torno de 400 metros podem ser realizadas a pé, em torno de 1,6 quilômetros, de bicicletas e, acima de quatro quilômetros, usando bicicletas elétricas.

Diferente da pesquisa da McKinsey, que pontua o ciclomotor com motor de combustão interna como veículo de micromobilidade, o ITDP considera apenas o ciclomotor elétrico.

Bicicletas são a preferência

Voltando ao artigo publicado pela consultoria, dois pontos se destacam na pesquisa:

  • A preferência global pela bicicleta (elétrica ou não), com cerca de 60% entre os meios de micromobilidade;
  • A relação entre países com tradição em micromobilidade e o alto potencial de adoção (86% para a China), enquanto países com menor tradição em micromobilidade tiveram interesse, porém, com potencial menor (60% para os EUA).

Outro aspecto é que os insights da pesquisa têm implicações no ecossistema de micromobilidade, incluindo, além do próprio usuário, provedores de veículos leves compartilhados, operadores de estacionamento e pontos de recarga, operadores de trânsito e a municipalidade.

O Brasil não foi contemplado pelo estudo. No entanto, considero que seja um país com tradição no uso de bicicletas, principalmente em cidades interioranas, o que indica a necessidade de uma avaliação do impacto da micromobilidade em tais regiões.

Necessidade da mudança é gatilho para a escolha

Se você ainda está comigo após essa breve contextualização de informações, vamos à análise!

A partir da minha experiência apresentando soluções de inovação para empresas e, também, observando oportunidades, considero que uma mudança de processo é motivada por uma necessidade.

Ou seja, pensando a partir do olhar dos consumidores, a troca de transportes tradicionais pelas soluções de micromobilidade, é melhor correlacionada à necessidade da mudança que pelo simples desejo, embora esse possa medir o potencial da necessidade.

O que quero dizer é que o consumidor deve perceber algum valor na mudança de hábito, ainda que intangível e, ao mesmo tempo, ter a segurança e simplicidade para optar por essa mudança.

O valor atribuído pode ser desde a economia – por exemplo, poupando custos de passagens ou combustíveis – até o bem-estar de pedalar e a satisfação em reduzir a pegada individual de carbono com um recurso não poluente.

1 – Ações integradas entre o público e o privado serão fundamentais

Como em todo caso de uso do espaço público, atores devem colaborar de acordo com seus perfis. A esfera privada tem a responsabilidade de viabilizar a estrutura de compartilhamento de veículos e pontos de carga para veículos elétricos.

Já o poder público, deve providenciar faixas exclusivas e preferencias para o deslocamento dos veículos leves, bem como a regulação, proteção e fiscalização dos cidadãos que farão uso destes modais.

2 – Segurança no contexto dos veículos leves

Se por um lado o uso de veículos leves pode trazer benefícios para a saúde dos usuários, há, também, mais exposição dessas pessoas a acidentes. Esse risco é aumentado, principalmente, quando as faixas destinadas a esses veículos estão próximas a faixas de rolamento usadas por carros, ônibus e caminhões.

Caso não haja a segurança, a mudança cultural para a adesão não acontecerá, mesmo que haja o desejo e que o valor potencial tenha sido percebido.

3 – Infraestrutura é fator de peso na decisão do consumidor

Digo isso por uma experiência pessoal enquanto consumidor. Recentemente me mudei para a cidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo, onde fica a sede da Imagem. Utilizei análises espaciais para determinar as regiões que seriam mais interessantes, considerando o tempo de trajeto para a escola das crianças, para o trabalho e os custos com imóveis.

Consegui me instalar a cinco minutos de carro da escola dos meus filhos e tenho a possibilidade de ir até a empresa, diariamente, de skate ou bicicleta, levando menos de cinco minutos, o que me permite, além de almoçar em casa, levar as crianças para o colégio.

Essa escolha por veículos leves, porém, só foi possível por existir uma ciclovia de boa qualidade, próxima à minha casa e ao trabalho.  A apropriação do espaço urbano pelos cidadãos depende das condições do espaço disponível. Portanto, criar infraestruturas adequadas às necessidades e desejos das pessoas requer considerar aspectos espaciais que viabilizem essa ocupação e aproveitamento.

Perguntas necessárias

Deixo aqui algumas questões cujas respostas devem ser balizar uma busca visando fundamentar decisões de mercado e definir os próximos passos neste tema:

  • Onde estão as pessoas ou as personas que desejam ou necessitam usar veículos leves para o transporte total ou como uma das comutações?
  • Onde há infraestrutura urbana que permita o trânsito destes veículos leves?
  • Para onde deve ser expandida a infraestrutura?
  • Em quais partes destas infraestruturas o cidadão está exposto a riscos?
  • Qual o limite de velocidade ao longo destas pistas?
  • Onde recarregar minha bicicleta ou patinete elétrico?
  • Onde estão as estações de veículos leves compartilhados?

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